30 de abr. de 2018

O Beato FILIPINO C. (1 de Maio)

O Milagre do sermão aos peixes em Rimini (Itália) - o frei acompanhante de Sto. António de Lisboa que costuma aparecer nas pinturas é provavelmente o Beato Filipino.
O Beato Filipino nosso Português natural de Lisboa da Ordem nos Menores, Leigo de Profissão, companheiro de Santo António de Lisboa, e singular imitador de suas virtudes, passou neste dia [1 de Maio] a lograr o prêmio delas, ano de 1290. Jaz no Convento de Columbário, na Província de Toscana, onde é venerado seu corpo, e obra Deus por sua intercessão grandes e perenes maravilhas.

A IMPERATRIZ D. ISABEL (1 de Maio)

No mesmo dia [1 de Maio] em quinta-feira, ano de 1539 morreu em Toledo a Augustíssima Senhora D. Isabel Infante de Portugal, Rainha de Castela, Imperatriz de Alemanha: Foi dotada de rara formosura, e de igual honestidade, e modéstia. Mostrou grande quilates de prudência, e madureza nas ocasiões, em que governou Hespanha, nas ausências do imperador Carlos V seu marido: A sua casa era uma escola de virtudes, donde saíram muitas insignes Matronas, que honraram Castela, e Portugal; quais foram D. Beatriz da Silveira, D. Guiomar de Mello, D. Leonor Mascarenhas; e com maiores vantagens, D. Leonor de Castro, Duqueza de Gandîa mulher do Duque Dom Francisco (depois São Francisco) de Borja, em quem o mesmo Santo admirou sempre singulares exemplos de perfeito de um e outro abraçaria a vida Religiosa. No primeiro parto, que teve a Imperatriz se viu em grande tribulação, e a mulher, que lhe assistia, lhe disse, que naquele aperto, era conveniente romper em altas vozes; ao que a Imperatriz respondeu na língua Portuguesa, e como Portuguesa daqueles tempos, nas quais se competiam a gravidade com a modéstia: "Não me digais tal, minha Comadre, que morrerei, e não gritarei"; procedeu-lhe a morte, de um mau parto. Teve três filhos, e duas filhas, D. Fernando, e D. Carlos, que morreram meninos: Dom Felipe [II], que sucedeu nos Reinos de Hespanha: Dona Joana, Princesa de Portugal, mãe de ElRei D. Sebastião; D. Maria, mulher do Imperador Maximiliano II que foi filha, nora, mulher, e mãe de cinco Imperadores, e morreu no Convento das Descalças de Madrid, com grande fama de Santidade. A rara beleza da nossa Imperatriz, assim como fora na vida enleio da admiração, assim (trocada na morte) foi incentivo ao desengano; por ela (em grande parte) vemos nos altares um S. Francisco de Borja: porque sendo Conductor do Imperial cadáver, que logo determinou fazer outra na vida, trocando pela humildade, e estreiteza da Religião, as grandezas, e vaidades do mundo.
Conversão do Duque de Gandia (S. Francisco de Borja) - exéquias da imperatriz Isabel de Portugal.

S. TORCATO, Bispo e Mártir (1 de Maio)


SÃO Torcato, um dos primeiros discípulos de São Tiago, foi Bispo de Cinnania, Cidade daqueles tempos, situada entre Braga, e Guimarães, sobre a corrente do Rio Ave; onde o Santo Bispo padeceu martírio neste dia [1 de Maio], ano de 66. 

ANO HISTÓRICO - de MAIO

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ANNO HISTORICO,
DIARIO PORTUGUEZ


Índice de
MAIO

Dias:

- 1 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII.
- 2 - IIIIIIIV, V, VI, VII, VIII, IX
- 3 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII.
- 4 - IIIIII, IV, V.
- 5 - I, II, III, IV, V, VI.
- 6 - III, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX.
- 7 - III, III, IVV, VI.
- 8 - IIIIII, IV, V, VIVII.
- 9 - I, IIIIIIV.
- 10 - III, III, IV.
- 11 - I, II, III, IV, V, VI.
- 12 - IIIIIIIV, V, VI, VII, VIII, IX.
- 13 - I, II, III.
- 14 - I, II, III, IV, V.
- 15 - I, II, III, IVV.
- 16 - III, III, IV, V.
- 17 - I, II, III, IV, V, VI, VII.
- 18 - I, II, III, IV, V, VI.
- 19 - I, II, III.
- 20 - I, II, III, IV, V, VI.
- 21 - I, II, III.
- 22 - I, II, III, IV.
- 23 - I, II, III, IV.
- 24 - I, II, III, IV.
- 25 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII.
- 26 - I, II, III, IV, V, VI.
- 27 - I, II, III, IV, V, VI.
- 28 - I, II, III, IV, V, VI.
- 29 - I, II, III, IV, V.
- 30 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X, XI.
- 31 - I, IIIII, IV.



PROTESTO

"Em observância dos Decretos Apostólicos, em nome do Autor, e meu, declaro, que as pessoas, que viveram, e morreram com fama de santidade, e os milagres, e sucessos, que excederem as forças humanas, e se referem neste livro, sem estarem aprovadas pela Santa Sé Apostólica; não têm mais autoridade, ou certeza, que a que dão os Autores, que primeiro as escreveram; e em tudo me sujeito às determinações da S. I. R. - Lourenço Justiniano da Anunciação."

29 de abr. de 2018

SANTA MAXENCIA (30 de Abril)

Santa Maxencia, Matrona Portuguesa, natural de Coria, que naqueles tempos caia na antiga Lusitânia, foi casada com um ilustre Varão, de quem teve três filhos Santos: Vigilio, Claudiano, e Maguriano. Morreu Santa Maxencia em Trento, no ano de 419. Jaz seu corpo na Catedral daquela Cidade, onde se celebra todos os anos a sua festa, e se reza dela com ofício, e lenda própria.
Trento-cathedral-front
Catedral de Trento - Itália.

28 de abr. de 2018

PRÍNCIPE DOM FILIPE, filho delRei DOM JOÃO III (29 de Abril)

Túmulo no Real Mosteiro dos Jerónimos de Sta. Maria de Belém.
Neste dia [29 de Abril] do ano de 1539 faleceu o Príncipe Dom Filipe, filho de elRei Dom João III e da Rainha Dona Catarina, com seis anos, e um mês e três dias de idade. Jaz no Real Mosteiro de Belém.

O Venerável Fr. GASPAR DO ESPÍRITO SANTO (29 de Abril)

Igreja da Imaculada Conceição (Covilhã), antiga igreja conventual da ordem franciscana.
Nasceu o Venerável Frei Gaspar do Espírito Santo, de pais humildes, e uma Aldeia; a pouca distância da Vila do Amarante; Recebeu, na de Covilhã, o hábito de Leigo da Religião Seráfica, e desde aquele ponto renunciou para sempre as posses, e esperanças, e ainda as memória das vaidades: Oração, e mortificação começaram a ser os dois pólos da sua vida, e deles nunca mais saiu; era tão observante do silêncio, como perene no trabalho. Na longa carteira de anos, que o levaram à última velhice, rara  vez o viu alguém sentado, nunca ocioso: Em pé tomava o sono muitas vezes, porque as chamas, que lhe ardiam no coração, o traziam em uma roda viva, já de exercícios de devoção para com Deus, já de empregos de caridade para com os próximos, sendo homem simples, e sem letras, aprendeu na escola da Oração tão altos documentos da vida mística, que metia em admirações aos mais sábios. Amou, com extremo igualmente grande, a pobreza, e os pobres; Para si, nada queria, para eles, tudo: Por muitos tempos, nem Cela teve no dormitório comum, contentando-se alegremente com uma casinha térrea junto da portaria, que foi o mais ilustre teatro  da sua caridade: Ali eram as suas delícias, tratar com mão tão liberal, que abrangia a todos, por maior que fosse a multidão; não havia quem duvidasse, que andava ali o dedo de Deus; com o pão material, lhe ministrava o da doutrina, ensinando os mais rudes, e aos meninos, as verdades da Fé, dirigindo-os ao amor, e temor da Divina Majestade. Foi insigne na paciência, e sofrimento das misérias, e tribulações desta vida, as quais aceitava como mimo superior: Padeceu grandes dores por causa de uma chaga, e lhe chegaram a cortar a carne em pedaços, por se evitar a corrupção, sem já mais se lhe ouvir o mínimo sinal de menos conformidade. A tolerância das aflicções, e das dores, era igual a que mostrava nas injúrias, que costumam afligir, e doer muito mais; talvez lhe fizeram algumas alguns homens desalmados, mas acharam nele iguais a alegria, e a benevolência, a mansidão, no semblante, nas palavras, nas acções. A voz universal de pequenos, e grandes, e ainda dos Príncipes, e Rei lhe chamava o Porteiro Santo, ou o Santo Frei Gaspar; porém quanto se agradava dos desprezos, tanto fugia a semelhantes louvores, sepultado sempre no abismo do seu nada. Em longa velhice, cheio de boas obras, faleceu santamente neste dia, no seu Convento de São Francisco de Lisboa, ano de 1648. Concorreu ao seu enterro infinita multidão de gente de toda a idade, e qualidade, e se tiveram por venturosos os que participaram alguma parte das suas relíquias, com que experimentaram maravilhosos efeitos.

SÃO SECUNDINO, Bispo e Mártir (29 de Abril)

São Secundino, Arcebispo de Braga, foi desterrado juntamente com Santo Agapio, Bispo de Cartagena para Numidia na África, onde ambos, depois de dilatado e penoso desterro, padeceram neste dia [29 de Abril], em obséquio da Fé, imperando Valeriano [séc. II].

27 de abr. de 2018

DOM LOURENÇO, Arcebispo de Braga (28 de Abril)

Foi o Arcebispo Dom Lourenço natural da Vila de Lourinhã no Arcebispado de Lisboa: O desejo de saber o tirou da Pátria, e levou a Reinos estranhos, a fim de ouvir os grandes Mestres, que neles floresciam por aquele tempo. Correu as Universidades de Mompelhes, a Toloza, e Paris, e passando a Itália foi discípulos do famoso Baldo, e saiu digno discípulo de tão grande Mestre. Voltando a Portugal, foi eleito Arcebispo de Braga, e nesta dignidade resplandeceram singularmente as suas letras, e talento. ele foi o que persuadiu a ElRei Dom Fernando, que seguisse as partes do verdadeiro Pontífice, Urbano VI na grande Cisma, que por aqueles tempos tanto afligiu a Cristandade; ele foi o que nas revoluções no Reino, sucedidas por morte do mesmo Rei, seguiu as partes do Mestre de Avis, e foi um dos primeiros, e principais Portugueses, que os aclamaram em Coimbra, e com tanto fervor se empenhou em levar aquela grande empresa ao desejado fim, que, em grande parte, lhe ficou devendo, ElRei a Coroa, o reino a liberdade. Na memorável batalha de Aljubarrota, pelejou com insigne valor, e saiu ferido na face, de que lhe ficou um grande sinal, que ele prezava muito, como prova visível, de que havia exposto a vida, e derramado o sangue em obséquio da Pátria. Em todas as relevantes ocorrências daqueles tempos foi sempre o seu conselho, e o seu braço, a mais acertada direcção, a execução mais pronta. ElRei dizia, que o Condestável Dom Nuno Álvares e o Arcebispo Dom Lourenço eram os seus dois olhos.
Os empregos tocantes ao comum, não lhe impediam os particulares da sua dignidade. Atendeu com grande vigilância ao bom governo do seu rebanho: Enriqueceu a sua Sé com preciosos ornamentos: Socorria com grossas esmolas aos pobres, e cheio de boas obras, coroado de heroicas acções faleceu neste dia [28 de Abril], ano de 1397. Jaz na Catedral de Braga, em Capela particular, e em nossos tempos foi achado incorrupto, como outro dia diremos.
Interior da Catedral de Braga.

A Venerável MARIA DO LADO (28 de Abril)


A Ven. Maria do Lado.
Neste dia, ano de 1632 faleceu no lugar do Louriçal do Bispado de Coimbra, onde havia nascido a 24 de Junho de 1606 a Venerável Maria do Lado, Terceira de São Francisco, de vida inculpável, devota, e penitente, e de contemplação altíssima, de espírito puro, extático, e profético, que Deus acreditou em vida, e depois da morte, com notáveis prodígios. Foi a primeira fundadora do Recolhimento, depois Mosteiro venerável do Louriçal, onde jaz sepultada.

O Irmão VICENTE ÁLVARES (28 de Abril)

Basílica do bom Jesus - Índia.
No mesmo dia [28 de Abril], ano de 1606 na Índia Oriental, na Fortaleza de Dando, foi degolado, e padeceu martírio em ódio de nossa Santa Fé, pelos Mouros de Dabul, o Irmão Vicente Álvares, da Companhia de Jesus, natural da Vila de Ferreira do Arcebispado de Évora.

OS SANTOS CARILIPO, E SEUS COMPANHEIROS MÁRTIRES (28 de Abril)


Em Capara, Cidade Episcopal da antiga Lusitânia, conseguiram neste dia [28 de Abril], ano de 86, a vitoriosa palma do martírio os Santos Carilipo, Afrodízio, Hagapio, e Euzebio.

O BEATO BERNARDO, Confessor (28 de Abril)

O mosteiro S. João de Tarouca
No Convento de São João de Tarouca (o primeiro em Hespanha da Ordem Cisterciense) passou neste dia [28 de Abril], ano de 1185 da vida transitória à imortal, o Beato Bernardo, discípulo do Santo deste nome [Bernardo de Claraval], e primoroso imitador seu no nome, e nas virtudes.

26 de abr. de 2018

O BEATO Fr. SUEIRO GOMES (27 de Abril)

Santos e Bem-Aventurados Dominicanos.
Beato Fr. Sueiro Gomes, foi nosso Português, e Cavaleiro ilustre: passou ao Condado de Tolosa a militar, em obséquio da Fé, contra os hereges albigenses. Naquela guerra se exercitou alguns anos com grande fama de valor. Pela mesma ocasião conheceu, e tratou ao glorioso Patriarca São Domingos, que também pelejava então, contra os mesmos hereges, com a espada da Pregação Evangélica. Admirado, e atraído o nosso Português das virtudes heroicas, e estupendos milagres do Santo Patriarca, pretendeu, e conseguiu ser um dos seus primeiros companheiros, e por consequência, ser uma das pedras fundamentais do soberano edifício da sua esclarecida Religião. Foi também um dos que o Santo Patriarca congregou para resolverem a Regra, que haviam de seguir. O mesmo Santo o mandou fundar a Hespanha, e foi nela o primeiro Provincial, e também o primeiro Provincial em toda a Ordem, por ser a Província de Hespanha, a primeira das cinco, em que a mesma Ordem, logo em seus princípios, se dividiu. Em Portugal fez grandes progressos o seu ardente zelo, e colheu copiosos frutos a sua pregação: Edificou o Convento de Montejunto [de Nossa Senhora das Neves], que pouco depois se tresladou para Santarém, o primeiro da Religião dos Pregadores neste Reino, e governou os de toda Hespanha por espaço de onze anos, logrando a glória singular de haverem recebido da sua mão, ou no tempo do seu governo, o sagrado hábito, São Raimundo de Penaforte, São Gonçalo do Amarante, São Pedro Gonçalves Telmo, São Fr. Gil, o Beato Fr. Lourenço Mendes, o Beato Fr. Payo, o Beato Fr. Pedro Landra, o Beato Fr. Poncio de Panedes; até que neste dia [27 de Abril], no ano de 1233 passou a lograr em eterno descanso o prêmio de seus trabalhos.

25 de abr. de 2018

DOM MARTIM YANHES DE BARBUDA (26 de Abril)

Dom Martim Yanhes de Barbuda, Cavaleiro Português, e dos mais valerosos do seu tempo, em que floresceram muitos. Foi Cavaleiro da Ordem de Avis em Portugal. Nas revoluções, que se seguiram por morte delRei Dom Fernando, se passou a Castela, onde cresceu tanto a fama do seu valor, e fez em serviço daquela Coroa tão ilustres acções, que, em prêmio delas, subiu à grande dignidade de Mestre da Ordem de Alcântara. Neste dia [26 de Abril], em Domingo, que então foi a da Pascoela, no ano de 1394 o mataram por traição os Mouros de Granada. Jaz seu corpo na Igreja da sua Ordem em Alcântara, com este letreiro: Aqui jaz aquele, em cujo coração nunca pavor teve entrada. Dizem, que referindo-se este letreiro ao Imperador Carlos V respondera: Esse Fidalgo nunca devia de apagar a vela com os dedos.

SÃO FELIX EREMITA (26 de Abril)

São Felix (cuja memória reduzimos a este dia, por ocasião do sucesso referido) foi sem dúvida o primeiro Eremita da Cristandade, posto que a Igreja dá este nome a outro Santo; mas, ou fala a respeito dos Santos Eremitas da Ásia, onde se estendeu e perseverou mais este modo de vida: ou fala a respeito dos Santos Eremitas mais conhecidos, e mais célebres; mas nem uma, nem outra cousa tira, que o nosso São Felix (ainda que por fama menos celebrado) pudesse lograr aquela primazia, como logrou, se havemos de dar crédito aos graves Autores, e antiquíssimos, que escreveram a vida de São Pedro de Rates; o que a Santa Igreja não encontra, nem é seu intento tirar a cada um o que é seu. Constando, pois, que São Paulo (a que a Igreja dá o título de primeiro Eremita) florescia pelos anos de 300, e o nosso São Felix pelos de 45, bem se infere, que logrou este nosso Santo Português a excelência de ser o primeiro Eremita da Cristandade. Dele não sabemos outra acção mais, que haver achado milagrosamente o corpo de São Pedro [de Rates], e haver-lhe dado decente sepultura. Devemos crer, que a uma vida (qual fazia naquele ermo) tão nova, e tão austera, correspondeu uma preciosa morte.

SÃO PEDRO DE RATES, Bispo e Mártir (26 de Abril)

Estátua de São Pedro de Rates - Póvoa de Varzim.
São Pedro de Rates, primeira preciosa pedra de todas as Igrejas de Hespanha, primeiro Cristão, primeiro Bispo, primeiro Mártir da Europa. Foi natural de Braga, onde São Tiago Maior o converteu à Fé, e o sagrou Bispo da mesma Cidade, então da primeira grandeza, em soberbas fábricas, em multidão, e nobreza de moradores, como Convento Jurídico, que era dos Romanos. Empregou-se o Santo Bispo na pregação da Fé com fervor admirável, e colhia copiosíssimos frutos. Acompanhava as palavras com obras, a doutrina com milagres, e eram sem número os gentios que se convertiam igualmente convencidos, e admirados. Crescendo o rebanho, foi preciso dar-lhe Pastores, e nomeou para a Igreja do Porto a Bazílio, para a de Tuy a Epitácio, primeiros Bispos de uma e outra Igreja. Assim mesmo proveu as de Lisboa, Coimbra e Iriflavia (hoje Padrão em Galiza); Anfilóquia (hoje Ourense); Emílio (hoje Águeda), de Prelados santíssimos, cujos nomes encobriu a incuriosa antiguidade, mas estão escritos no livro da vida. A todos precedia São Pedro como Pastor, a todos ensinava como Mestre, a todos socorria como Pai. Entre os muitos gentios que converteu, foi mais célebre uma Princesa, filha de um Rei, ou Régulo, senhor, que então era, de Laga. Deu-lhe milagrosa saúde, e com milagre maior para aqueles tempos, a persuadiu, não só a receber a Fé, mas a consagrar a Deus a sua pureza. Seguiu-se à conversão da filha a da mãe, e sabendo o Régulo uma e outra novidade, e o autor dela, o buscou para lhe dar a morte. Retirou-se o Santo para Rates, onde já havia povoação de Cristãos, e Igreja, e nesta foi achado, e [foi então] morto, no ano de 45. Puseram os gentios com diabólico furor a Igreja por terra, e as suas ruínas serviram de sepultura ao sagrado corpo. Passados alguns dias, guiado de luzes celestiais, o descobriu um Santo Varão, chamado Felix, que por aqueles montes fazia vida Eremítica, e o sepultou com decência no mesmo lugar do martírio, onde esteve até ser tresladado para Braga.

24 de abr. de 2018

NASCE O INFANTE DOM AFONSO, DEPOIS REI II DO NOME (25 de Abril)

D. Afonso II, terceiro rei de Portugal.
Neste dia [25 de Abril], ano de 1185 nasceu em Coimbra o Infante Dom Afonso, depois Rei II do nome, filho dos Rei Dom Sancho I e D. Dulce. Sendo menino caiu numa perigosa enfermidade, de que livrou, por intercessão de Santa Senhorinha, a que seus pais recorreram naquela grande aflição, e depois agradeceram o benefício com piedosos cultos, e muito grandiosas ofertas ao sepulcro da mesma Santa.

23 de abr. de 2018

DESCOBRE-SE O BRASIL (24 de Abril)


Corria o felicíssimo ano de 1500 (felicíssimo pelo caso que imos a referir) quando Pedralves Cabral, ilustre, e valeroso Cavaleiro, navegava de Portugal para a Índia numa poderosa Armada, e sobre quase um mês de navegação, (...), descobriu neste dia 24 de Abril (em que então caiu a segunda Oitava da Páscoa) uma nova terra, (...). Ao longe divisavam os venturosos navegantes altíssimas serras, repartidas em diferentes figuras, a que serviam as nuvens de faxa, que as cingia. A meia vista apareciam distintos, o verde dos arvoredos, o eminente dos montes, o espaçoso dos campos, por extremo alegres, e aprazíveis. Mais ao perto se viam claramente alvejar as formosas praias, e nelas em grande número as barras, e os rios, e aquelas com o seguro das suas bocas, estes com o estrondo das suas águas, quebradas nos penedos, parecia, que estavam chamando os novos hóspedes, para que fosse lograr de tanta delícia, e formosura. Certo já em que era verdadeira terra a que viam, se deram justamente os parabéns de tão importante (...) descobrimento, de que logo Pedralves Cabral mandou aviso a elRei Dom Manoel, em cujo tempo chegavam à Corte de Lisboa umas, e outras as novas felizes, e alegres; Posto que então senão considerou tão importante este descobrimento, quanto depois mostrou a experiência; é a América uma nova parte do Mundo, ou um novo Mundo à parte; Abraça quase dez mil léguas no já descoberto de Castela, e Portugal; ignorada por tanto séculos da experiência dos Pilotos, e do estudo dos sábios ainda se lhe não penetrou o interior, cortado daquelas admiráveis serranias, a que os Castelhanos chamaram Cordilheira, que por longíssimo curso dilatam a sua extensão, proporcionada a sua altura, espantosamente inacessível ao voo das mais ligeiras aves, e isenta dos vapores da terra, e das inclemências do ar, superior às suas, e aos ventos, e a todas as impressões meteorológicas; Na maior força deles, e delas, goza de Céu sereno, fazendo verdadeiro o fabuloso Olimpo. Os Pirenéus, e os Alpes são Pigmeus, à vista destes grandes corpos: Os que sobem a eles pisam nuvens do meio para cima, e quando chegam ao cume, parece-lhe, que andam as mesmas nuvens sobre a terra. Este grande corpo da América estende dilatadíssimos braços, um o rio das Amazonas ao norte, outro o rio da prata ao Sul, com que cinge, e abraça aquela vastíssima região, a que chamamos com muito próprio, e não menos pomposo nome, a Nova Lusitânia: A terra é um pintado mapa sempre verde, sem que já mais se desarme a tapeçaria, de que a vestiu a natureza, porque conservam todo o ano a folha dos seus arvoredos, e vê-se já levantada em oiteiros, já estendida em campinas, povoada de bosques, abundante de pastos, retalhada de fontes, e rios, sempre a mesma, e sempre varia. As suas águas são mais puras, e cristalinas, tanto as do mar, como as dos rios; em muita distância da praia se estão vendo no fundo distintas as conchas, e as áreas. As árvores são de tão desmedida estatura, que parece caminham com as pontas a romper as nuvens, a grossura a esta proporção. Não é menor nelas a utilidade, que a corpulência, antes são todas utilíssimas para os usos humanos; Tais são os Cedros, os Angelins, os quase Evanos, os Jaracandás, os Brazis, os Bálsamos, os Copaibás, os Cajus, e outras. As ervas, e as plantas, são infinitas na diferença, e admiráveis nas propriedades: Entre outras, é singular a erva, que chamam Viva: Em lhe tocando na ponta de um de seus ramos, logo toda ela, e todos eles, (como mostrando sentimento) se murcha, e encolhem de repente, até que, passada a primeira cólera, tornam em si, e se estendem, e dilatam os ramos, como dantes. Também é admirável a erva, chamada da Paixão, cuja flor representa a Cruz, as cinco Chagas, a Coluna, a Coroa, o molho dos açoutes, e os três cravos. Os frutos, por extremo saborosos, não são, (como nas outras terras) tributo anual, senão sucessivo, e perene, porque quando se vão sazoando uns, já vem nascendo outros. As flores, ainda que geralmente, cedem às da Europa em fragrância, excedem em formosura: Assim as aves, não são tão destras, nem tão suaves na música, mas são muito mais bem pintadas, e mais vistosas. Os gados são imensos, e em muitas partes se matam, só para lhes aproveitarem as peles, de que se fazem grandes carregações. Mas as carregações maiores, e de maior preço, são as dos açúcares, e tabacos, drogas tão estimadas, de que tanto abunda o Mundo novo com inveja do antigo; Ainda este a tem maior às preciosas minas, de que aquele se vê enriquecido pelo Autor da natureza; Podemos dizer daquela terra com muita propriedade, que tem as entranhas de ouro, e os torrões de açúcar. Os ares são tão puros, que nunca deram entrada ao mal da peste, e observam um tal temperamento, que não se percebem as rigorosas diferenças de Verão, e do Inverno, este mais se conhece pela chuva, que pelo frio. Começa aquele em Setembro, este em Março. São iguais os dias, e as noites com brevíssimos crepúsculos. Na parte do céu, que lhe fica dominante, logram os olhos a bizarra vista, e benévola influência de luzidíssimas estrelas, entre as quais é admirável um Cruzeiro, que se compõem de quatro, e outra mais, que lhe forma o pé. Brasão, o mais nobre do hemisfério Antártico, guia segura dos navegantes, delícia, e enleio dos olhos. É habitada esta vastíssima Região de várias Nações de Índios em tanto número, que se podem comparar as folhas das árvores: São gente fera, e bruta, que vive ao som da natureza, quase se rasto de humanidade, sem arte, sem polícia alguma, mais parecem brutos em pé, que homens racionais. São de estatura proporcionada, a cor tira a vermelha, o cabelo corredio. Andam nus, e a sua maior gala consiste em muitos buracos, que fazem no rosto, em que costumam trazer pedrinhas de várias cores. Não cultivam a terra, e vivem do que caçam, e pescam, com que toda a sua riqueza consiste nos seus arcos, e flechas, em que são destríssimos à maravilha. Vagam de uns lugares a outros, não se detendo em algum mais, que em quanto nele acham, que comer. Andam umas nações com outras em contínuas guerras, e se comem uns aos outros, sendo a carne humana o seu mais apetecido manjar. Não tem fé, nem lei, nem Rei, e observou-se como cousa mui notável, que lhe faltam na sua linguagem (que não deixa de ser fecunda, e eloquente) as três primeiras letras desses nomes. Não conhecem, nem adoram Deidade alguma, tem somente uns escuros vestígios de uma excelência superior, a que chamam Tupá, que quer dizer estrondo espantoso. Também tem alguns vestígios da imortalidade d'alma, e de pena, e glória na outra vida. Os que se sujeitam à doutrina dos Europeus, e se fazem domésticos (como se mudaram de natureza) saem valorosos, e prontos para qualquer emprego, civil, ou militar. Não se sabe o princípio destas gentes, e tudo passa em opinião; Tem sua probabilidade, a que diz, que descendem das dez Tribos dos antigos Judeus, desterrados em tempo de Oseias, e mostram muitos dos seus costumes, porque usam da circuncisão, casam com as viúvas de seus irmãos, são dados a superstições, e são geralmente covardes, e mentirosos. Acresce uma rara circunstância, qual é chamarem Parecè a certa festa, que fazem cada ano, como os Judeus chamavam Pareceves, a outra que também faziam. Dilata-se a Nova Lusitânia por mil duzentas léguas de costa, estendidas para o Sertão a duzentas, trezentas, quatrocentas, e mais, não habitadas até agora de Europeus, posto que fecundas de gentilidade. Compreende quinze vastíssimas Províncias, a que os Portugueses chamam Capitanias, cada uma bastante a formar um Reino maior, que o maior da Europa. De todas damos notícia nos dias a que pertence. A este, pertence a do Porto Seguro, que foi a primeira, que descobriu Pedralves, e lhe deu o nome. Está situada esta Capitania, ou Província, e a sua povoação Capita em dezasseis graus de altura, e se dilata em cinquenta léguas de costa. ElRei Dom João III a deu a Pedro de Campos Tourinho, natural de Viana, o qual com numerosa família a foi povoar. Por sua morte ficou a uma filha sua, a quem a comprou o Duque de Aveiro, Dom João de Alencastre; Depois a deu Filipe IV (que então dominava em Portugal) a Dom Luiz de Alencastre, neto do mesmo Duque, com título de Marquesado. A terra é por extrema fresca, e abundante, vestida de frondosos arvoredos, regada de caudalosos rios; de suas matas se colhe a maior quantidade de pau-Brasil, e dos mais fino de toda a América. 

22 de abr. de 2018

NASCE O INFANTE DOM AFONSO, FILHO DelRei D. MANOEL (23 de Abril)

No mesmo dia [23 de Abril], nasceu em Évora o Infante Dom Afonso, filho do felicíssimo Rei Dom Manoel, e da Rainha Dona Maria: dele dissemos no dia precedente.

SÃO FELIX, E SEUS COMPANHEIROS MÁRTIRES (23 de Abril)



Em Valença de Portugal, padeceram martírio no dia 23 de Abril pelos anos de 204, São Felix, e seus companheiros Fortunato, e Aquileo.

21 de abr. de 2018

JURAMENTO DA HESPANHA A D. MANUEL (22 de Abril)

No ano de 1498 partiram de Portugal para Castela ElRei D. Manuel, e sua primeira mulher a Rainha D. Isabel, e acompanhados dos principais Prelados, e senhores deste Reino, e foram recebidos naquele com grandes festas, e demonstrações de alegria, em todas as Cidades, e Vilas por onde passaram, até chegarem a Toledo. A meia légua de distância desta Cidade, os veio encontrar ElRei D. Fernando [El Católico], e tanto, que avistou a seu genro ElRei D. Manuel, o recebeu nos braços, com muito amor, e cortesia; e querendo-lhe sua filha beijar a mão, ele o não consentiu, e posta à sua mão esquerda, e ElRei D. Manuel à direita, caminharam os três a cavalo debaixo de um pálio até à Igreja Catedral; e feita oração, partiram para o Palácio, onde os esperava a Rainha D. Isabel [La Católica], a cuja vista ElRei D. Manuel apressou o passo, e a Rainha fez o mesmo, a ambos se fizeram tão profunda cortesia, que chegaram com os joelhos ao chão. A Rainha D. Isabel quis beijar a mão a sua mãe, mas ela lha não quis dar. Receberam os Reis de Castela a todos os Fidalgos Portugueses, com grandes demonstrações de agrado, e apreço, e singularmente ao senhor D. Jorge, filho DelRei D. João II a quem não quiseram dar a mão, e em tudo o trataram como a filho de quem era. Logo no Domingo seguinte, que caiu no dia 22 de Abril, do ano sobredito, saíram os Reis de Palácio para a Catedral, levando de rédea a pé a ElRei D. Manuel, o Duque de Medina Sidónia, da parte direita, e da esquerda o Conde de Feira; e à Rainha D. Isabel sua mulher, à mão direita o Condestável de Castela, e à esquerda o Duque de Alva. Disse Missa de Pontifical o Arcebispo de Toledo, D. Frei Francisco Ximenes de Cisneiros; Os Reis estiveram ambos em uma cortina da parte do Evangelho, e com eles o Senhor D. Jorge; as Rainhas ambas, em outra cortina da outra parte. Acabada a Missa, subiram a um Trono, onde estavam quatro cadeiras, e nas duas do meio se assentaram os nossos Reis, nas dos lados os de Castela. E feita uma prática breve, em que se declararam resumidas as conveniências, e interesses, que se seguiam a toda a Hespanha, de união de tantas Coroas; foram jurados os nossos Reis, por Príncipes herdeiros dos Reinos de Castela, Leão, e Aragão, e mais Reinos, e Estados, que lhe são sujeitos.

MORTE DO INFANTE CARDEAL (22 de Abril)

A 22 de Abril, ano de 1540, com trinta e um de idade morreu em Lisboa o Infante Cardeal, D. Afonso, filho dos Reis, D. Manuel, e D. Maria. O Papa Leão X lhe mandou o Capelo de Cardeal do título de Santa Luzia Inseptisolio, (título, que depois trocou pelo de S. Brás) tendo pouco mais de oito anos; coisa, de que não havia exemplo até então. Recebeu o Capelo nos Paços de Almeirim da mão do Bispo de Lamego, e Capelão mor, D. Fernando de Vasconcelos. Foi Prior mor da Santa Cruz de Coimbra, Abade de Alcobaça, Bispo de Targa, da Guarda, de Viseu, de Évora, e Arcebispo de Lisboa. Todas estas Igrejas administrou com grande exemplo, servindo-se para suplemento da sua presença de insignes Ministros. Era tão pontual nas obrigações pastorais, que assistia com grande frequência aos Ofícios Divinos no Coro: Administrava muitas vezes os Sacramentos, e levava o Santíssimo aos enfermos. Obrigou aos Párocos a que ensinassem, e ele por sua pessoa ensinava a Doutrina Cristã a seus Fregueses. Fez Sínodos em Évora, em que publicou as primeiras Constituições que teve. No que fez em Lisboa, introduziu nas Freguesias os livros dos Baptismos, Casamentos, e Óbitos, que até então não havia, e a seu exemplo os recebeu a Igreja Universal no Santo Concílio de Trento. Com os pobres era sumamente caritativo, e com todos generoso, e liberal [de liberalidade]. Era muito amigo da justiça, e do Culto Divino, e ornato das suas Igrejas, em que despendia uma grande parte das suas rendas. Foi protector dos homens letrados, que chamava das terras estranhas, e sustentava com grandes côngruas; e finalmente um modelo de perfeitos Prelados. Foi seu Mestre o insigne Aires Barbosa, natural de Aveiro, e saiu não vulgarmente douto: compôs em Latim a vida de seu décimo avô o Santo Rei D. Afonso Henriques, e outros tratados com sua elegância em proza e verso, dos quais se perderam muitos: Muitos ajuntou, e fez imprimir em avultado tomo o famoso André de Rezende.

Sta. SENHORINHA, Virgem (22 de Abril)


Santa Senhorinha foi filha dos Condes D. Hufo [Hugo], e Dona Tareja [Teresa], troncos da casa dos Souzas, família nobilíssima em Portugal. Por morte de sua mãe, sendo de mui tenros anos, a entregou o Conde seu pai a Sta. Godina, Abadessa do Mosteiro de S. João de Vieira [Minho], da Ordem do Patriarca S. Bento. Nesta escola de virtudes, foi instruída de tal modo no amor, e temor de Deus, e no rigor, e observância da vida monástica, que chegou gloriosamente ao ponto mais alto, e mais sábio da perfeição, desprezando com invencível constância as delícias, e vaidades do Mundo, para que seu pai a rogava, e persuadia, no estado de casada; Vestiu, e professou no mesmo Mosteiro de S. João o hábito Religioso, e por morte de Sta. Godina foi eleita Abadessa [aos 36 anos]. Naquela nova dignidade começou a merecer, e resplandecer de novo. Entrou em ardentíssimos desejos de dar a vida, em obsequio da Fé, e vendo, que lhe faltava ocasião de padecer às mãos dos infiéis, se resolveu a martirizar-se a si mesma, com tal extremo de rigor, que sua vida, até à morte, foi um perene, e incessante martírio. Concedeu-lhe o Senhor a graça de fazer milagres, o dom de profecia, o conhecimento de coisas ocultas. No dia, e hora, que a Alma de S. Rozendo voava para o Céu, a viu Santa Senhorinha, e assim o disse logo às suas Religiosas. A esta celestial visão se seguiu justamente a saudade, e desejo, assistida de Angélicos espíritos, que com vozes suavíssimas (ouvidas dos que se achavam presentes) a chamavam para os Divinos desposórios, consumou a carreira mortal neste dia, ano de 982 [22 de Abril]. Jaz seu sagrado corpo na Igreja Paroquial do seu nome (antigamente Mosteiro) onde é visitada sua sepultura de grande número de fiéis, que vão a ela pela experiência dos seus favores, que recebem de Deus por sua intercessão.

[nota: o local de nascimento foi provavelmente em Vieira do Minho. Senhorinha não era o nome de baptismo, mas sim epíteto carinhoso que lhe dava o pai, Conde - por isso Capitão Geral do seu Condado em Vieira do Minho - tendo ao seu governo Viseu. Sta. Senhorinha fez-se monja aos 15 anos; fez muitos milagres em vida. Os reis D. Sancho I e D. Pedro I foram grandes devotos seus, e na Idade Média o seu túmulo era grande centro de peregrinação.]

AGRADECIMENTO AOS LEITORES

Caros leitores,

a escolha dos artigos diários que tenho vindo a publicar ultimamente é muito do vosso agrado! Assim o demonstra o grande número de visitas destes últimos dias. Isso me dá grande alegria, porque as publicações são realmente de bom conteúdo, não são da moda de qualquer ambiente, nem chamativas, nem alimentam quem busca a provocação e indignação. Este número subiu mais de 5x, boa causa.

Como os brasileiros sabem pouco da sua cultura religiosa, que é lusitana, me sinto na obrigação de ajudar, dentro das minhas possibilidades, repondo informação. Lembremos que a árvore genealógica espiritual brasileira é lusa, vem dos tempos dos Apóstolos, passa o tempo dos Descobrimentos, evangelização do Brasil, e vai até D. João VI pelo menos. Mas também hoje em dia muitos portugueses estão esquecidos deste legado, e assim me vejo com o caminho mais livre para estas publicações.

No blog SANTO ZELO procuro publicar aquilo que anda em falta, principalmente. Ainda hoje um senhor opinava como se cada qual não tivesse a obrigação, primeiramente, de se preocupar com a sua Civilização; logo a nossa que anda tão desconhecida, e por isto necessitamos redobrar os esforços, e reconhecimento a sua grande importância. Por décadas e séculos ela tem sofrido ataques e ocultamentos, por parte de outras civilizações irmãs muito preocupadas em evidenciar-se. Não, não, caro senhor, aqui coloco em primeiro o que Deus manda, e apenas depois as coisas dos outros. Por outro lado, há muitos livros católicos bons, antigos, em língua portuguesa que são tantos, tantos, que provavelmente não terei tempo para outros de outras línguas e civilizações.

Portanto, nem é necessário lembrar que, se estes artigos são originalmente escritos antigos da Cristandade lusa são necessariamente tradicionalistas.

Sejam bem-vindos, caros leitores. Aqui publicarei estes belos artigos, diariamente.

Até amanhã, se Deus quiser.

20 de abr. de 2018

MANOEL DE CEA (21 de Abril)


No dia 21 de Abril do ano de 1733 faleceu com cento e dezesseis anos de idade Manoel de Cea, natural e morador da Azoia de baixo, termo da Vila de Santarém, o qual ainda depois de passar de cem anos, se exercitava na caça das perdizes.

MAURÍCIO, ANTIPAPA (21 de Abril)

Maurício, Arcebispo de Braga, é memorável nas histórias para confusão dos ambiciosos. Foi Francês de Nação, e Monge da Ordem de São Bento: Passou a Portugal, e foi eleito Arcebispo de Braga por morte de Giraldo. Várias pretensões o levaram duas vezes a Roma;  a primeira, pelos anos de 1112 e então assistiu, com grande reputação da sua pessoa, no Concílio Lateranense, que por aquele tempo se celebrava. A segunda, achou aquela Côrte fluctuando entre grandes perturbações pelas discórdias, que havia entre o Papa Pascoal II e o Imperador Henrique V. Este usando da força, e violência, colocou na primeira Cadeira a Maurício, o qual, cego de ambição aceitou a dignidade, e se fez chamar Gregório VIII. Depois, por vários casos, veio a ser deposto, e preso no cárcere de um convento da sua Ordem, onde faleceu neste dia, com grandes demonstrações de verdadeiro arrependimento, no ano de 1122.

19 de abr. de 2018

DOM GOMES FERREIRA (20 de Abril)


Dom Gomes Ferreira, irmão de Dom Álvaro Ferreira, Bispo de Coimbra, filhos ambos de Martim Ferreira, Fidalgo ilustre do tempo DelRei Dom João I. Estudou em Paris, e fez grandes progressos nas letras; passou a Roma, e mereceu a graça do Sumo Pontífice Eugénio IV, o qual proveu na opulenta Abadia de Santa Maria de Florença, e por morte do Doutíssimo Ambrósio, Camaldulense, o fez Geral daquela nobilíssima Congregação, e neste eminente cargo deu claras mostras de sólidas virtudes, e de talento singular: reduziu a Congregação ao primitivo fervor, aspereza, clausura, e silêncio, em que São Romualdo a fundara: Depois o mandou o mesmo Pontífice a este Reino por seu Legado a negócios de grande importância, e trouxe a concessão de singulares privilégios para os Reis de Portugal. Morreu santamente neste dia, ano de 1448 sendo Prior Comendatário do  Real Convento de Santa Cruz de Coimbra.

SÃO BAUDELIO (20 de Abril)




SÃO Baudelio, natural de Zamora, cidade da antiga Lusitânia, padeceu no dia 20 de Abril glorioso martírio em defensa da Fé, imperando Diocleciano.

18 de abr. de 2018

SÃO ATAULFO (19 de Abril)

Santiago de Compostela
São Ataulfo, filho do Conde Dom Gonçalo, Capitão, e senhor de muitas terras em Portugal, foi varão de sólida doutrina, e de vida inculpável. Suas virtudes, e letras o levantaram à dignidade de Bispo de Compostela. Morreu santíssimamente no dia 19 de Abril, pelos anos de 831. Jaz numa Igreja de seu nome na Vila de Grado em Galiza.

LUIZ DA COSTA DE FARIA (19 de Abril)

Luiz da Costa de Faria, natural da Vila de Arganil, depois de servir alguns lugares de letras, foi desembargador da Casa da Suplicação, Procurador Fiscal da Junto dos três Estados, Juiz da Chancelaria, e dos Contos do Reino. Serviu estas ocupações, e outras, que lhe foram cometidas, não só com grande inteireza, e zelo da justiça, mas com muita piedade, e caridade, de sorte, que era geralmente chamado o Ministro Santo. Era grande esmoler; nunca deixava de ter recolhimento de Oração, nem ainda nos dias de maiores ocupações. Fundou o Convento de Santo António de Vila Cova; da Província da Conceição, Bispado de Coimbra, para onde se retirou nos últimos anos a esperar a morte, prevenindo-se com muitos actos de penitência, e piedade, até que faleceu no dia 19 de Abril, ano de 1730 com oitenta e dois de idade.

17 de abr. de 2018

MANUEL PIMENTEL DE SOUSA (18 de Abril)


Manuel Pimentel de Sousa, Cosmógrafo mór do Reino, Mestre de Geografia do Príncipe nosso senhor, e do senhor Infante D. António, foi muito erudito, como se pode ver dos escritos, que deixou, e livros, que compôs da Cosmografia, e navegação, impressos em Lisboa, onde faleceu no dia 18 de Abril, ano de 1719. (biografia)

CONVENTO DE Sta. CLARA, SANTARÉM - Incêndio (18 de Abril)

Igreja do Mosteiro de Sta. Clara - Santarém
A 18 de Abril de 1669, em Quinta-feira maior da Semana Santa, no Convento de Sta. Clara da Vila de Santarém, estando as Religiosas no Coro, ouvindo o Sermão da Paixão, se pegou tão grande fogo, que reduziu a cinzas todos os dormitórios, oficinas, e o Coro. Recolheram-se as Religiosas no Convento das Donas de São Domingos, onde assistiram enquanto o seu se pôs capaz para a sua habitação. Uma moça doida, recolhida na mesma Clausura, por quatro parte pôs fogo ao Convento.

Fr. JOÃO DE ARAGÃO (18 de Abril)

Frei João de Aragão, Português, Religioso de São Francisco, Confessor da Rainha D. Beatriz, mulher DelRei D. Afonso IV de Portugal, foi Embaixador a ElRei de Aragão, e depois de ajustar a liga, e mais negócios da sua Embaixada, passou ao Principado de Bosna, onde reduziu a muitos Maniqueus, convencendo-os, e atraindo-os à verdadeira crença da Santa Igreja Romana com a grande eficácia da sua pregação, e de prodígios, que obrou por este seu servo a Omnipotente, e piedosa mão de Deus. Um eles foi meter-se este Varão Apostólico em uma fogueira, sem se queimar nem um só fio do seu hábito. Pelos anos de 1340 faleceu, e ficou seu corpo no mesmo Principado com grande veneração.

D. PEDRO DE MENEZES MARTIRIZADO EM CEUTA (18 de Abril)

Ceuta
No ano de 1553, dia 18 de Abril, sendo Capitão de Ceuta D. Pedro de Menezes, filho de D. António de Noronha, primeiro Conde de Linhares, saiu da mesma Cidade ao campo, desafiado pelo Alcaide de Tetuão a tantos por tantos. Diziam-lhe alguns Cavaleiros, que não se fiasse do Mouro: Porque sem dúvida lhe tinha armado alguma traição; Porém D. Pedro fez capricho de sair, e encontrando-se com o Alcaide, no tempo, e lugar aprazado, e vendo, que era igual o número de combatentes, travou a batalha, com denodado valor; Mas dentro em breve espaço se viu cercado de grande número de Cavaleiros, e Infantaria. Então voltando-se para o seu Adail, Diogo Nabo, lhe perguntou: "Que faria?" Ao que ele respondeu estas palavras "Aqui, senhor, já que vossa senhoria assim o quis, não há que fazer, se não morrer com honra". Conformou-se D. Pedro prontamente com aquele parecer tão brioso, como preciso, e investiu aos infiéis, como quem queria vender cara a vida: O mesmo fizeram os mais Portugueses; Pelejou-se muitas horas com incrível ardor, até que oprimidos os nossos da multidão, ficaram mortos no campo mais de trezentos, entre os quais entrou o mesmo D. Pedro, e seu sobrinho, D. António de Noronha, segundo Conde de Linhares. Era este D. António aquele ilustre Cavaleiro, de quem o grande Camões fala com grande saudade, e merecidos elogios, por suas excelentes partes, em muitos dos seus poemas.

VITÓRIA DE D. SANCHO CONTRA OS MOUROS, EM BEJA (dia 18 de Abril)


Estavam sobre a Cidade de Beja dois Alcaides Mouros com poderoso exército, pelos anos de 1179, e haviam reduzido a Praça ao último aperto. Acudiu o Infante D. Sancho, (depois Rei primeiro do nome) com 1400 Cavalos, e com tão pequeno poder obrou neste dia tais proezas, que fez retirar os inimigos, ficando mortos no campo grande parte deles, e outra grande parte cativos. Entre estes os dois Alcaides.

16 de abr. de 2018

Sto. ELIAS E SEUS COMPANHEIROS MÁRTIRES (17 de Abril)


ANTO Elias, Português, padeceu martírio na Cidade de Córdova, com dois companheiros, Paulo e Isidoro, na perseguição de Maomé, Rei Mouro da mesma Cidade, pelos anos de 805, a 17 de Abril.

Fr. JOÃO DA ASSUNÇÃO (17 de Abril)


Frei João da Assunção, chamado vulgarmente Frei Joãozinho, da sagrada Ordem dos Menores da Província de Portugal, nasceu em Lisboa: Teve santa singeleza, e obediência, e dom de curar enfermos com a sua bênção, e de multiplicar o trigo, e azeite para remédio da necessidade. Também dizer, que algumas vezes passara rios, como se fossem terra firme, e que os brutos, os demónios obedeciam seus preceitos. Morreu preciosamente no dia 17 de Abril, ano de 1704 no Convento do São Francisco de Lisboa, onde se lhe fizeram grandes honras, exéquias, e em toda a sua Província. Ficou flexível, sendo sangrado lançou sangue. Concorreu inumerável gente a ver o seu corpo; O mesmo fizeram as Majestades, e Altezas, e as comunidades religiosas, que forma testemunhas de alguns prodígios.

15 de abr. de 2018

SANTA ENGRÁCIA, Virgem e Mártir (16 de Abril)

Imagem de Santa Engrácia na fronte da Igreja em sua dedicação, em Portugal.
Santa Engrácia, Virgem sigularíssima nos dotes da natureza, muito mais nas perfeições da graça, da qual se lhe derivou o nome, e conveio o nome ao sujeito. Nasceu em Braga, e seu pai era Rei, ou Regulo da mesma Cidade. Um grande Príncipe de certa Província de França pretendeu casar com a Santa Virgem, e a mandou pedir a seu pai, ao qual agradou muito a pretensão, e à filha muito mais, posto que havia consagrado a Deus sua pureza, mas fora-lhe revelado, que tudo eram disposições soberanas para a duplicada coroa de Virgem, e Mártir. Acompanhada, e servida de dezoito Cavaleiros, todos nobres, todos Cristãos, todos Portugueses, partiu de Braga, e antes de chegar a Saragoça, já lhe haviam chegado os ecos (que soavam muito ao longe) da crueldade atrocíssima, com que ali eram atormentados os Cristãos. Cheia a Santa de um ardor sobrenatural, se resolveu a ir buscar o tirano, e na sua presença lhe afeou desumanidade, a sevícia, com que atormentada a tantos inocentes, por adorarem a um só, e verdadeiro Deus, e não aos falsos. Foram estas palavras ouvidas, com furor implacável do tirano. Mandou logo prender a Santa, e vendo, que nem as carícias, nem os ameaços, bastavam a lhe abalar (quanto mais render) a constância, passou à prova de cruelíssimos tormentos, quanto pode inventar a raiva, e a vingança, o furor, e a fereza, se executou naquele corpo virginal; Mas o espírito, ao mesmo tempo triunfava tão forte, e tão alegre, que confundia, e assombrava aos mesmos executores de tanta crueldade. Vendo, em fim, o tirano a fortaleza invencível da Santa Virgem, mandou, que lhe pregassem um cravo de ferro no alto da cabeça, e na execução deste tormento, expirou gloriosamente, no dia 16 de Abril, pelos anos de 306 servindo-lhe o mesmo cravo de triunfante Aréola. Jaz seu sagrado corpo, com suma veneração, em Saragoça, no insigne Mosteiro da Ordem de São Jerônimo, que por ocasião da nossa Santa Fé chama de Engrácia.

SÃO FRUTUOSO, Bispo e Confessor (16 de Abril)

São Frutuoso (tal foi no nome, era realidade) nasceu em Galiza, de geração, não só ilustre, mas Real. Desde os primeiros anos começou a resplandecer em virtudes. Já desde então se aplicava a buscar lugares solitários, onde pudesse, no discurso da vida, ocultar-se aos olhos dos homens, e viver só para Deus. Guiado destes santos desejos, vestiu o hábito da sagrada Ordem do insigne Patriarca São Bento, e naquela perfeitíssima escola de virtudes, aprendeu altas lições de espírito, de que foi depois grande Mestre. Herdando de seu pais muitas riquezas as dispendeu na erecção de muitos Mosteiros da mesma Ordem, aproveitando-se dos sítios, que algum dia julgara proporcionados para a vida retirada, e contemplativa. Seguiam os seus exemplos inumeráveis pessoas de um, e outro sexo. De todos era luz, de todos pai benigno, e benéfico para todos. Para todos, enfim, verdadeiramente frutuoso. À instâncias delRey Cindasuintho aceitou o bispado de Dume, depois o Arcebispado de Braga, e em uma, e outra dignidade, mudou de estado, não de vida. Tão Religioso era no Palácio, como o fôra no Mosteiro, tão humilde, tão penitente, tão modesto, tão fervoroso, tão caritativo: Só nesta última virtude se excedia agora, porque podia dar mais. Apenas reservava o preciso para se manter a si, e a sua pequena família [religiosa], com grande moderação; tudo o mais despendia em socorro dos pobres, e na erecção de novos Mosteiros. Tratou com grande fervor, e vigilância de reformar as suas ovelhas, assim as do estado Eclesiástico, como secular, e uns e outros, emendavam a vida, ou atraídos das virtudes de seu santo Pastor, ou temerosos do castigo. Confirmou Deus a santidade de seu Servo com prodigiosos milagres. Curava os enfermos, afugentava os espíritos malignos, domesticava os brutos, imperava sobre os elementos. Muito antes de morrer predisse o dia, e hora da sua morte, e então se fez levar à Igreja, e recebidos devotíssimamente os Sacramentos, entre suavíssimos colóquios com Deus, assistido de grande número de Anjos, e Bem-aventurados, rendeu o ditoso espírito, no dia 16 de Abril, ano de 665. Foi sepultado no seu Mosteiro do Salvador, não longe de Braga, donde depois foi tresladado para Compostela.