28 de fev. de 2019

Sta. ANTONINA, Virgem e Mártir (1 de Março)

A imagem da N. Senhora da Boa Estrela esculpida na rocha, na Serra da Estrela, Covilhã (Portugal).
Santa Antonina, Virgem, e Mártir, nasceu em Portugal na antiga Vila de Cea [Seia]. Padeceu crudelíssimos tormentos em defensa da Fé, e ultimamente lançaram os tiranos na célebre lagoa, que há no mais alto cume da Serra da Estrela, que por este motivo (melhor que por outro algum) se se fez digna de tal nome, por dela nasceu para o Céu, neste dia [1 de Março], no ano de 300, uma nova, luzidíssima Estrela, não das que resplandecem no firmamento, mas, das que coroam o Empírio. 

ANO HISTÓRICO - de MARÇO

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ANNO HISTORICO,
DIARIO PORTUGUEZ


Índice de
MARÇO

Dias:

- 1 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X.
- 2 - I, II, III, IV, V, VI.
- 3 - I, II, III, IV, V.
- 4 - I, II, III, IV, V, VI, VII.
- 5 - I, II, III, IV, V.
- 6 - I, II, III, IV, V, VI.
- 7 - I, II, III, IV, V, VI.
- 8 - I, II, III, IV, V, VI, VII.
- 9 - I, II, III, IV, V, VI.
- 10 - I, II, III, IV.
- 11 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII.
- 12 - I, II, III, IV.
- 13 - I, II, III, IV, V, VI, VII.
- 14 - I, II, III, IV, V, VI.
- 15 - III, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX.
- 16 - I, II, III, IV, V.
- 17 - I, II, III, IV.
- 18 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII.
- 19 - I, II, III, IV, V.
- 20 - I, II, III, IV, V, VI.
- 21 - I, II, III, IV, V.
- 22 - I, II, III, IV, V, VI.
- 23 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII.
- 24 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII.
- 25 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X..
- 26 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII.
- 27 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX.
- 28 - I, II, III, IV, V.
- 29 - I, II, III.
- 30 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X.
- 31 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII.
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PROTESTO


"Em observância dos Decretos Apostólicos, em nome do Autor, e meu, declaro, que as pessoas, que viveram, e morreram com fama de santidade, e os milagres, e sucessos, que excederem as forças humanas, e se referem neste livro, sem estarem aprovadas pela Santa Sé Apostólica; não têm mais autoridade, ou certeza, que a que dão os Autores, que primeiro as escreveram; e em tudo me sujeito às determinações da S. I. R. - Lourenço Justiniano da Anunciação."

27 de fev. de 2019

A Infante DONA SANCHA, filha de D. RAIMUNDO DE BORGONHA (28 de Fevereiro)

Pormenor do retábulo do altar-mór da Basílica de S. Isidoro de Leão.
A Infante Dona Sancha, filha de Dom Raimundo de Borgonha, e de Dona Urraca, filha de Dom Afonso VI Rei de Leão, e I de Castela, nasceu em Coimbra pelos anos de 1094 em que seus pais eram Condes daquela ilustre Cidade. Foi Princesa de esclarecidas virtudes. Pisadas as pompas, desprezadas as delícias, se empregou toda no amor, e serviço do Esposo Celestial. Visitou em pessoa os mais célebres santuários, não só de Hespanha, mas de França, Itália, e Palestina. Voltando a Portugal, prosseguiu no curso glorioso de acções heroicas. Erigiu sumptuosos Templos, em cujo ornato, e no socorro dos pobres, gastou muitas riquezas. Faleceu neste dia [28 de Fevereiro], ano de 1159. Jaz no Real Convento de Santo Isidoro de Leão, e seu epitáfio lhe dá os títulos de Espelho de Hespanha, Honra do Orbe, Glória do Reino, Cume da Justiça, Auge da Piedade. Louvores mui dignos das suas excelentes virtudes, e acções.
Basílica de S. Isidoro de Leão

26 de fev. de 2019

FUNDA-SE O MOSTEIRO DE ODIVELAS (27 de Fevereiro)

Túmulo do Rei D. Dinis no Mosteiro de Odivelas.

No mesmo dia [27 de Fevereiro], ano de 1295 lançou a primeira pedra ao nobilíssimo edifício do Real Mosteiro de Odivelas, de Religiosas de São Bernardo, assistindo naquele acto o Bispo de Lisboa, Dom João Martins de Soalhães, e o Cabido da Sé, e toda a Nobreza, que então se achava na Corte; cresceu a obra do Mosteiro com a pressa, e com a magnificência, que pediam o empenho, e a liberalidade de tão grande Rei. Está situado no vale de Odivelas, de que tomou o nome, e é uma das mais ilustres fábricas de Portugal. A Igreja é sumptuosíssima: compõem-se de três naves, e é tão comprida, que, dividida em duas partes, uma lhe serve de Coro com três ordens de cadeiras, capaz de duzentas Religiosas; a outra lhe serve de Igreja. Nela se celebram os Ofícios Divinos com singular pompa, e majestade, e com tanta melodia, e tão suave consonância de instrumentos, e vozes, que se representa, ser aquele Coro, um dos nove de Anjos; a Igreja se vê enriquecida com preciosos ornamentos, e os Altares cobertos de prata, e uma grande Custódia, toda de ouro esmaltada, e guarnecida de pedras preciosas, peça, que excede todo o valor. Fez ElRei Dom Dinis grandes doações a este Mosteiro, com a obrigação, de que as Religiosas dele, guardassem clausura perpétua, que até então as Religiosas não guardavam. Jazem neste Mosteiro, seu fundador ElRei Dom Dinis, em magnífica sepultura para a parte da Epístola: Seu neto o Infante Dom João, filho delRei Dom Afonso IV que está na Capela de São Pedro, para a mesma parte. Dona Maria, filha bastarda delRei Dom Dinis, Religiosa professa no mesma Convento, cuja sepultura se vê na parede do claustro, que respondo à Capela de São João Baptista: a senhora Dona Felipa, filha do Infante Dom Pedro, e da Infante Dona Isabel de Aragão, e neta delRei Dom João I vê-se a sua sepultura na Sacristia; no mesmo esteve também sepultada quinze meses, a Rainha Dona Felipa, mulher delRei Dom João I.

25 de fev. de 2019

DOM Fr. JOÃO DE PORTUGAL (26 de Fevereiro)

Coro da Sé de Viseu (Portugal).
Dom Frei João de Portugal, filho dos segundos Condes do Vimioso, Dom Afonso de Portugal, e Dona Luiza de Gusmão. Sobre cinquenta anos de perfeitíssimo Religioso, na Sagrada Ordem de São Domingos, foi promovido à Mitra de Viseu, onde prosseguiu, com ilustre fama de perfeitísssimo Prelado. Foi igualmente Santo, e Douto, e como tal, compôs quatro tomos: Da graça creada, e outro, que intitulou: Casamento Cristão; outro de Louvores de nossa Senhora, e outros tratados, que se conservam impressos, e manuscritos. Faleceu em longa, e venerável velhice, neste dia [26 de Fevereiro], ano de 1629.

24 de fev. de 2019

DOM PEDRO FERNANDES SARDINHA (25 de Fevereiro)

Resultado de imagem para Dom Pedro Fernandes Sardinha
Dom Pedro Fernandes Sardinha, Varão singular em letras e virtudes, foi o primeiro Bispo do Brasil, e no ano de 1552 passou àquelas partes, e deu na Bahia a primeira forma à Igreja Catedral. Trabalhou com zelo ardente na cultura daquele vastíssimo, e bárbaro rebanho, e não menos na boa direção dos Portugueses, esquecidos até ali, pela maior parte, das obrigações de Cristãos, por falta de doutrina, e de Pastor. Para remédio de alguns males, em que havia maior obstinação, tratou de voltar ao Reino, onde esperava facilitar na piedade delRei os meios mais oportunos ao bem de tantas almas. Navegando na altura de dez graus Austrais, junto ao Rio de São Francisco, sobre furiosa tormenta naufragou a sua Nau, salvando-se ele, e mais de noventa pessoas, para correrem maior tormenta na crueldade, e voracidade dos Índios. Acudiram em grande número, os daquela terra, chamados Caétes, e mostrando primeiro compaixão, investiram com desumano ímpeto aos míseros naufragantes, tão extremamente debilitados, que sem resistência se lhe entregaram, e foram logos despedaçados, e comidos. Correu a mesma fortuna o Bispo, esperando a morte com os joelhos em terra, as mãos, e os olhos levantados ao Céu. Afirma-se, que o campo, onde caiu morto, não se adornara mais da verdura natural, e ordinária. Foi sua morte neste dia [25 de Fevereiro], no ano referido.

23 de fev. de 2019

NAUFRAGA A NAU NOSSA SENHORA. DA BARCA (24 de Fevereiro)

Igreja de S. Francisco, Cochim (Índia).
Nos fins de Janeiro do ano de 1559 partiu de Cochim para Portugal, a Nau nossa Senhora da Barca, de que era Capitão Dom Luiz Fernandes de Vasconcelos, na qual vinham quase trezentas pessoas; na altura da Ilha de São Lourenço, acharam os ventos tão rijos, e dos mares tão grossos, e cruzados, que começou a Nau, a fazer água por muitas partes, e por mais diligências, que se fizeram, não largando as bombas de dias, nem de noite, acudindo a esta fadiga, até os Fidalgos, e pessoas principais, negando-se ao descanso, e ao sustento, nada bastou, para que se aliviasse o peso, que os oprimia, e tragava por instantes. Neste último perigo, mandou Dom Luiz lançar o batel ao mar, e nele recolheu até sessenta pessoas, carga excessiva para vaso de tão pequeno porte. Havia-se apartado já o batel da Nau, mas o Capitão o mandou chegar a ela, para recolher ao Padre Frei Fernando de Castro da sagrada Religião dos Menores, Varão de virtude singular, como bem mostrou neste caso: porque, com heroica, e estupenda resolução, disse: Que antes queria perder a vida, do que desamparar tantas almas, que ficava confessando, e consolando como melhor podia; fizeram-se logo os do batel noutra volta, deixando aos da Nau entre prantos, e gemidos, que seriam os ares, e indo ainda à vista dela, a viram ir a pique submergindo-se, em um ponto, aquela grande máquina, e tudo o que ia ela. Sucedeu este lastimosíssimo naufrágio neste dia [24 de Fevereiro], do ano que acima dissemos. Os dos batel, se salvaram finalmente à custa de insuportáveis fomes, e sedes, e por entre imensos trabalhos, e perigos. 

22 de fev. de 2019

ESTUPENDO PRODÍGIO EM GOA (23 de Fevereiro)

No mesmo dia [23 de Fevereiro], num Sábado da Quaresma, ano de 1619 saindo algumas pessoas da Igreja Paroquial de nossa Senhora da Luz, da Cidade de Goa, para a parte de um monte, chamado a Boa Vista, onde de muitos anos estava arvorada uma Cruz, sem Imagem de Cristo Senhor nosso; viram nela uma figura do mesmo Senhor, na forma, em que se costuma representar Crucificado, e que, com movimentos de vivo, se voltava, e punha os olhos sobre a Cidade, como antigamente sobre a de Jerusalém. Pasmaram todos os que se acharam presentes, e prostrando-se por terra, desfeitos os corações em lágrimas, e ternuras, imploravam a Divina Misericórdia. Desapareceu a visão brevemente, e logo a Cruz foi levada para a dita Igreja, onde começou a ser tida em suma veneração, e tocando-a os Fieis enfermos, e aflitos começaram a receber grandes, e singulares mercês da mão de Deus. Qualificou-se este raro prodígio, por autoridade Ordinária, jurando como testemunhas de vista treze pessoas de boa reputação, e dignas de todo o crédito.

21 de fev. de 2019

D. GONÇALO MENDES (22 de Fevereiro)

Dom Gonçalo Mendes, Prior do Real Convento de São Vicente, junto a Lisboa, (de cujas mãos recebem a Murça Augustiniana o glorioso Português, e Ulissiponense Santo António) foi Varão de vida inculpável: por suas virtudes logrou (por mais que lhe fugia) as estimações, e venerações do Príncipes daqueles tempos, os quais não obravam empresa mais relevante, sem os seus conselhos, e direções. Foi seu glorioso trânsito neste dia [22 de Fevereiro],  ano de 1249 e na mesma hora viu São Frei Gil (que então se achava em Santarém) ser levada sua ditosa alma ao Céu, por mãos de Anjos.

20 de fev. de 2019

BENTO Eremita (21 de Fevereiro)

Neste dia [21 de Fevereiro], ano de 1482 deu glorioso film à carreira mortal um Eremita Português, chamado Bento, e merecedor de memória perdurável; porque depois de viver neste Reino alguns anos no contínuo exercício de ásperas penitências, passou a Monserrate, e ali viveu sessenta e seis, e uma Ermida, ou cova, que ainda conserva o seu nome: a vida foi, qual pedia o lugar, e o desengano, e a morte, foi, qual havia sido a vida. 

NASCE A INFANTE D. ISABEL, filha delRei D. JOÃO I. (21 de Fevereiro)

No mesmo dia [21 de Fevereiro], ano de 1311 nasceu em Évora a Infante Dona Isabel, filha delRei Dom João I e da Rainha Dona Felipa, a qual depois foi Duquesa de Borgonha, e Condessa de Flandes, por casar com Felipe o Bom, senhor daqueles Estados: De seu casamento, e acções dizemos nos dias a que pertencem [21 de Janeiro / 17 de Dezembro]. 

19 de fev. de 2019

A Ven. MADRE CATARINA DA CONCEIÇÃO (20 de Fevereiro)

Igreja do Convento de São José, Saragoça (Espanha).
A Venerável Madre Catarina da Conceição, companheira da Santa Madre Teresa de Jesus, foi de família nobre, e uma das primeiras fundadoras do Convento da Reforma Carmelitana de Saragoça de Aragão, onde vulgarmente é chamada a Santa Portuguesa. Nasceu na Cidade de Tavira do Reino do Algarve, e já desde menina mostrou grande inclinação à virtude.  Passou a Madrid em companhia de seu tio, Dom Álvaro de Abranches, para Dama da Princesa Dona Joana, mãe delRei Dom Sebastião. Com a santa conversação de pessoas de virtude, se foi afervorando mais, e mais, no serviço de Deus, e veio a ser excelente em todo o género de virtudes. Sendo ainda noviça, e não sabendo ler, recorreu a Deus por meio da Oração, e superiormente ilustrada pegou de um Breviário, e leu com toda a expedição. Cheia de virtudes, e merecimentos faleceu neste dia, ano de 1617.

18 de fev. de 2019

O Beato Fr. ANTÓNIO DE SANTARÉM (19 de Fevereiro)

Igreja da Graça, Santarém (Portugal).
O Beato Frei António de Santarém, natural da ilustre Vila deste nome, sendo mancebo amou com terníssimos afectos a uma donzela, na qual, se era grande a formosura, ainda era maior o desvanecimento, e presunção, achaque, de que adoecem geralmente as que se pagam de si mesmas, na fé mal segura dos espelhos. Expressava-lhe o rendido amante os seus castos desejos, a fim de a merecer esposa, ao que ela com desdenhoso desenfado respondeu uma vez: "Que o seria, se ele primeiro se lavasse, muito bem lavado, nas águas do Rio Jordão". "Pois, senhora (lhe disse o rendido mancebo) se debaixo dessa condição me assegurais, que há de ser correspondido o meu amor, eu vos dou minha palavra de obedecer-vos". E ela (empenhada já no capricho de sustentar o que dissera) lhe tornou: "Pois eu a dou de ser vossa, se vos mostrares tão fino". Sem dilação partiu para Palestina, banhou-se naquele Rio, e trouxe uma redoma das suas águas, com atestações bastantes, em prova, de que havia feito aquela larga peregrinação, e peregrina fineza; a qual se rendeu a esquivez da donzela, e lhe deu a mão de esposa. Trocou-se, porém, dentro em poucos dias, aquele amoroso consórcio em triste separação, e lastimosa saudade: porque a morte lhe arrebatou dos olhos ao namorado mancebo a sua amada, deixando-lhe, entre imagens dores, profundos desenganos. 
Começou a cavar na inconstância das coisas desta vida, no frágil da beleza, no enganoso dos deleites, e gostos deste mundo, e na sombra vã das mentirosas aparências, que tanto cegam, e alucinam aos mortais: ponderava os extremos, e perigos, que fizera, e passara, pela posse de um bem tão caduco, que, como delicada flor, se murchou, e desapareceu tão facilmente: levantava os pensamentos ao Céu, e via, que só nele se gozavam as felicidades sem temor, os gostos sem sobressalto, e os verdadeiros bens, na excelência inefáveis, e na duração eternos, e rendido a tão poderosas inspirações, deixou a Pátria, e quanto nela lograva, e podia esperar, e passando-se a Castela recebeu em Toledo o hábito da sagrada Religião dos Menores, na qual começou a resplandecer com admiráveis exemplos, e progressos de santidade; passou depois a Portugal por ordem de seus Prelados, e se foi apurando cada vez mais nos realces da perfeição. Teve com os demónios contínuas batalhas, e uma mui célebre com um, que metido no corpo de certo pastor, obrava tais prodígios, que por eles lhe davam as gentes aclamações de Santos, e milagroso; mas o servo de Deus Fr. António conheceu, e descobriu o embuste, e mandando com imperiosa voz ao espírito maligno, que logo saísse daquele corpo, foram vistos manifestos sinais, de que o deixava, e constou a todos, que era tão sólida esta virtude, quão aparentes, e vãs aquelas chamadas maravilhas. Outra vez sabendo que havia metido em ferros na cadeia pública a certo homem, acusado de um grave delicto, foi a ela, e a um leve tacto das suas mãos, caíram despedaçados os grilhões, e se viram ambos em um instante no meio da praça, e com este prodígio deram por livre ao homem, e procedendo a justiça a novas averiguações, constou, que estava inocente; destes casos lhe sucederam muitos, acreditando o Senhor a sua exímia santidade de seu Servo, até que o levou para si, por meio de uma preciosa morte, neste dia [19 de Fevereiro], conforme o Martirológio da Religião Seráfica, e é contado entre os Santos Beatificados da mesma Religião [Ordem Religiosa].

S. Fr. ÁLVARO, Confessor (19 de Fevereiro)


São Frei Álvaro de Córdoba, Português, natural de Lisboa, recebeu o hábito da sagrada Religião dos Prégadores na Cidade do seu sobrenome, que por esse motivo lhe ficou, e por viver muitos anos, e finalmente morrer na mesma Cidade, onde tem públicos cultos, e venerações de Santo, há quase três séculos; acabou a carreira mortal gloriosamente neste dia [19 de Fevereiro], ano de 1420. No de 1741 o beatificou o Sumo Pontífice Benedicto XIV. 

17 de fev. de 2019

PADRE MANOEL FERNANDES (18 de Fevereiro)

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O Padre Manoel Fernandes, da Companhia de JESUS, natural da Colónia Portuguesa de Tânger, foi Varão Apostólico, e famoso Missionário do Alentejo. O seu zelo lhe ocasionou a morte, e lhe deu a Coroa de Protomártir da Companhia Europeia. Estando de Missão na Cidade de Elvas, separou a certa mulher da má correspondência, em que vivia. A pessoa interessada procurou vingar-se, e foi esperar com outros dois rebuçados aos Padre no caminho de Évora, onde com sacos de areia o moeram em forma, que o deixaram por morto; moribundo foi conduzido ao Colégio de Évora, no qual morreu breve, e gloriosamente neste dia [18 de Fevereiro] de 1555. 

16 de fev. de 2019

DONA LEONOR DE NORONHA (17 de Fevereiro)

Dona Leonor de Noronha, filha de Dom Fernando de Menezes, segundo Marquês de Vila Real, e da Marquesa Dona Maria Freire. Foi senhora de excelentes prendas, em tudo iguais à grandeza do seu nascimento. Teve largas notícias das ciências, e compôs algumas obras, que deu ao prelo, merecedoras da luz, e do aplauso universal; como foram vários tratados, a modo de Homilias, sobre os mistérios do Santíssimo Sacramento, e da Paixão: outro tratado sobre a Oração do Padre nosso: outro da história de Jó: outro, que intitulou: Princípio da nossa redempção. Traduziu de latim em vulgar as Eneidas de Marco Antonio Sabelico. Nestes virtuosos exercícios, e no exercício das virtudes todas (em que foi insigne) gastou a vida, até que a trocou pela imortal, neste dia [17 de Fevereiro], ano de 1563. Deixando, na posteridade, gloriosa fama de Santa, e sábia. 

15 de fev. de 2019

O SANTO MILAGRE DE SANTARÉM (16 de Fevereiro)

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Em Santarém, na Freguesia de Santo Estevão, se celebra neste dia [16 de Fevereiro], a sagração do Templo onde depositou o Céu aquela estupenda maravilha, que por antonomásia se chama: O Santo Milagre. Foi o caso, que certa mulher daquele povo, persuadida de outra (infiel, e maga) se arrojou a furtar uma Partícula consagrada no acto da Comunhão, e saindo da Igreja foi advertido de algumas pessoas, de que da toalha, em que cobria a cabeça (nela envolvera a sacrossanta Partícula) lhe corria copioso sangue. Atônita na vista de um portento tão raro, caminhou para sua casa, e tão alta de conselho, como cheia de temor, escondeu, a toda a pressa, em uma arca aquelas patentes provas do seu delito, para com o benefício do tempo, e maior sossego de ânimo, tomar melhor resolução. Entrou a noite, mas não entrou na pobre casa, (Palácio então do Rei Supremo) porque da arca saíam luzidíssimos resplendores, que desterravam as trevas. A tanta luz não se pode mais ocultar o sucesso e, divulgado na Vila, foi inumerável o concurso de um, e outro Estado, secular, e Eclesiástico, e com Procissão soleníssima levaram aquele tesouro inestimável a Igreja de Santo Estevão, a que pertencia esta justa restituição, por se haver feito nela o sacrílego roubo. Persevera a sacrossanta Partícula incorrupta mais há de quatrocentos, e quarenta anos, e se venera dentro de uma miraculosa âmbula de cristal, em que se achou colocada. Ignora-se o como, mas percebe-se com evidência, que é obra superior a todos os esforços da natureza, e da arte. Expõem-se em certos dias do ano aos olhos de todos, e algumas vezes a pessoas particulares. Com razão se pode prezar muito este Reino, e a nobilíssima Vila de Santarém de haver Deus obrado nele, e nela, este prodigioso Milagre. A toalha com os sinais de sangue, (como se fora vertido de fresco) se guarda com grande decência, e veneração, no Convento de São Domingos da mesma Vila. Sucedeu esta portentosa maravilha pelos anos de 1247 reinando Dom Afonso III de Portugal. 

14 de fev. de 2019

Padre FRANCISCO ANTÓNIO (15 de Fevereiro)


Padre Francisco António, natural de Lisboa, em idade de vinte, e três anos, sendo já Catedrático  de Direito Civil na Universidade de Coimbra, entrou na Companhia de Jesus no ano de 1558. Foi mandado a Sardenha com o Padre Baltazar de Pina, para fundarem o Colégio de Fasser. Trabalhou muito naquela Ilha. Em Roma foi Mestre de Noviços; foi Confessor do Santo Mártir Edmundo Campiano. Em Alemanha era o Confessor de Santo Estanislau Kostka a quem com seus conselhos dirigiu para a Companhia, e para a Bem-aventurança. Trabalhou muito em Alemanha na conservação da Santa Fé Católica Romana. A Senhora Dona Maria de Áustria usou muito dos conselhos deste Padre, e por espaço de trinta e seis anos o teve por seu Director, e Prégador. Com a mesma Senhora veio para Madrid, e a serviu até a morte. Ilustrou o Catecismo do Padre Edmundo Augerio, notando inteiros os lugares dos Santos Padres, que traz para refutar aos Calvinistas. Verteu em Castelhano as Sentenças do Papa Xisto, e os livros de Dorotheo, Nilo, e Usaías Abades. Compôs também um livro, Avisos para os Soldados; mais outro do Sacrifício da Missa. Estas obras se imprimiram em Madrid; donde se recolheu para morrer no Colégio do seu noviciado de Coimbra, onde faleceu santamente neste dia [15 de Fevereiro] de 1610. 

13 de fev. de 2019

CORRE GRANDE PERIGO A CIDADE DE COCHIM (14 de Fevereiro)

Túmulo de Vasco da Gama, na Igreja do Forte de Cochim (Índia).

Foi neste dia [14 de Fevereiro], pelos anos de 1550 memorável na Índia, porque na noite dele, investiram a Cidade de Cochim oito mil Nayres, feitos Amoucos, isto é, resolutos por voto que fazem aos seus Ídolos, de morrer matando. Começaram a executar grandes crueldades, e cortar, sem distinção, por tudo o que encontravam. Saíram-lhe mil e quinhentos Portugueses, que se ajuntaram a toda  pressa, e travou-se um obstinadíssimo combate. Os Amoucos pelejavam como feras, e sem atenção alguma ao perigo próprio, só tratavam da ofensa, e da vingança. Os Portugueses, que se viam reduzidos a um de dois extremos, sem meio, quais eram, ou vencer, ou morrer, obravam maravilhas estupendas; até que, finalmente, romperam, e derrotaram aos inimigos com morte de dois mil, e os feridos, em muito maior número. Mas não custou pouco a vitória, porque morreram cinquenta Portugueses, e também foi grande o número dos feridos.

12 de fev. de 2019

Padre D. RAFAEL BLUTEAU (13 de Fevereiro)

O Padre Dom Rafael Bluteau nasceu em Londres; estudou letras humanas em Paris; professou o Instituo de São Caetano em Florença; aprendeu ciências maiores em Verona, e Roma; foi prégador da Rainha de Inglaterra Henriqueta Maria, e Confessor do Arcebispo de Thebas. No ano de 1668 veio para Lisboa, onde foi Prepósito da Casa da Divina providência, Qualificador de Santo Ofício, e floresceu nos púlpitos, e nas Academias das belas letras da mesma Corte, e um dos primeiros Académicos da Academia Real da História Portuguesa. Este Reino lhe deve a última obra do Vocabulário Português Latino, e outras muitas composições sagradas, e profanas, impressas em quatorze tomos, todos grandes em volume, substância, doutrina, e eloquência. Em Lisboa, com noventa, e cinco anos de idade, dois meses, e nove dias, faleceu neste dia [13 de Fevereiro] de 1734.

11 de fev. de 2019

Fr. LUIZ DA CRUZ (12 de Fevereiro)


Frei Luiz da Cruz, natural do lugar da Charneca junto à cidade de Lisboa, Leigo da Ordem de São Francisco no Convento da Cidade de Málaca nos Estados da Índia Oriental, onde floresceu em virtudes, e grandes milagres, de que a Santa Sé Apostólica mandou fazer processo, e se trata da sua Canonização. Faleceu neste dia [12 de Fevereiro] do ano de 1622 com sessenta, e sete de idade. No de 1625 sendo alparca sua lançada ao mar por uma corda, e com grande fé dos navegantes, serenou uma formidável tempestade, em que se davam já por perdidos. Em benefício dos mesmos, parou o Sol três horas pela invocação deste servo de Deus. Também foram autenticados estes prodígios, e outros muitos.

10 de fev. de 2019

O Beato Fr. PEDRO DA GUARDA (11 de Fevereiro)

Convento de São Bernardino (Madeira - Portugal).
O Beato Fr. Pedro da Guarda, natural da Cidade deste nome, Religioso leigo da sagrada Religião dos Menores, Varão de simplicidade santa, e de heroica santidade: obrou em vida grandes maravilhas, e depois da sua morte as experimentam. A piedade dos mesmos Fieis lhe rende, mais há de dois séculos, venerações de Santo, e como de tal são estimadas as suas Relíquias, e os seus retratos. Sucedeu sua ditosa morte neste dia no Convento de S. Bernardino da Ilha da Madeira, ano de 1505 com setenta de idade, e quarenta de Religião. 

9 de fev. de 2019

D. PAIO PERES CORREA (10 de Fevereiro)

DOM Paio Peres Correa, Português, de quem já dissemos a nove de Janeiro, nasceu de nobilíssimo sangue na Cidade de Évora, seus pais se chamavam Pero Pires Correa, e Dona Dordea Pires de Aguilar. Foi Mestre da Ordem de San-Tiago em toda Hespanha, Capitão excelente, e grande, sem controvérsia, entre os maiores. Foi igualmente famoso em vitórias, e conquistas. Redimiu muitas Praças em Portugal, e Castela do jugo dos Mouros. No cerco, e expugnação de Sevilha, obrou proezas dignas de imortal nome. Na batalha de Lerena, vendo, que entrava a noite a favor dos infiéis, que começavam a ser vencidos, implorou, e conseguiu do Céu, que se dilatasse o dia, quanto bastou a rompê-los inteiramente. Na mesma ocasião, padecendo os seus grande falta de água, batendo com a lança em um penhasco, remediou copiosamente aquela falta; renovando, na primeira acção, a memória de Josué; a de Moisés, na segunda. Era Hespanha pequena Esfera ao seu valor, passou a Constantinopla em socorro de Balduíno, e mereceu com acções gloriosas os aplausos Imperiais, os favores Pontifícios. Voltando a Portugal faleceu neste dia [10 de Fevereiro], ano de 1275 em santa velhice, coroado, não menos de virtudes heroicas, que de gloriosos triunfos. Na Sé de Évora se faz neste dia um aniversário por sua alma.

8 de fev. de 2019

D. MARIA DE GUADALUPE, E CARDENAS (9 de Fevereiro)

Dona Maria de Guadalupe Lancastro e Cardenas, filha dos Duques de Aveiro, e Torres Noves, Dom Jorge de Lencastro, e Dona Maria de Cardenas, Duquesa de Maqueda; nasceu em Portugal a onze de Janeiro de 1630. No Reinado de ElRei Dom João IV passou à Côrte de Madrid, onde casou com o Duque de Arcos, e se distinguiu, e brilhou muito com os dotes especiosos da sua formosura, e discrição; e muito mais com as preciosas luzes das grandes virtudes espirituais, e morais com que se adornava. Teve bom conhecimento das línguas Latina, Italiana, Francesa, Inglesa, e muita agudeza, graça, e prontidão em ditos, e respostas. 
Na viva guerra, que naquele tempo havia entre Portugal, e Castela, a convidaram para ver uma Comédia, onde se fez um Entremoz Castelhano, em que tratavam mal de palavras, e obras a um Português. Uma das senhoras Castelhanas voltando-se para a nossa Portuguesa, com alegria lhe disse: "Mire Vossa Excelência, como se tratam acá los Portugueses", e a nossa Duquesa lhe respondeu com semblante grave: "Lo que hacen aqui los Españoles a los Portugueses, es burlas; pelo lo que hacen los Portugueses a los Espanholes en la campaña de Alentejo, es deveras". 
Foi naturalmente discreta, varonil, liberal, pia, e muito esmoler. Pelos livros da sua Contadoria se liquidou, que em vinte anos distribuiu com esmolas, e obras pias um milhão, e quinhentos, e trinta e seis mil, setecentos, e trinta, e noventa reais; não entrando nesta conta quarenta mil ducados, que deu para a Missão de África, que não permitiu, que fossem lançados em despesa, porque os satisfez das suas joias. Em seus Estados propagou a devoção do Rosário, que se cantava pelas ruas, e mandava perdões, e estandartes com muitas grosas de contas para os Curas repartirem pelos meninos; e estabeleceu renda para anualmente se distribuir pelos pobres da Vila de Torrijos do Estado de Maqueda, fazendo também imprimir muitos livrinhos da Doutrina Cristã, que se repartiam em semelhantes dias pelos meninos, com o sustento aos pobres, ara de melhor vontade acudirem aos divinos louvores. Os ornamentos preciosos, e mais ornatos dos Altares de todas as Igrejas dos seus Estados, e de outras da sua devoção, corriam por conta da sua despesa, e dos trabalho, e merecimento das suas mãos, e criadas. Aumentou mais quatro Curas às Igrejas de Alpujarras do seu padroado, e estado, consignando-lhes rendas, e pediu ao Arcebispo de Granada a confirmação, deixando a seus sucessores libre o encargo de elegerem os Curas, dando-se os lugares a concurso, e oposição, para que as ovelhas tivessem mais, e melhores pastores. Foi devotíssima da Rainha dos Anjos com o título de Guadalupe, e mandou, em sinal da sua escravidão, gravar em seus braços a imagem da Senhora. Debaixo dos pés desta milagrosa imagem, que é um dos maiores Santuário de Hespanha, mandou colocar uma carta de perpétua escravidão da própria letra, e sangue, em seu nome, e de seus filhos Dom João Duque de Arcos, e de Maqueda; Dom Gabriel Duque de Banhos, e aos presente Duque de Aveiro; e Dona Isabel Duquesa de Alvas. Todos os anos rendia a vassalagem da sua escravidão, mandando à Igreja de Guadalupe quatro peregrinos, que vestia, e preparava de todo o necessário para o caminho, com uma especial esmola para oferecerem em seu nome, e de seus filhos, no dia da Natividade da Senhora; e deixou renda para o mesmo dia, em todos os anos,  um dos Monges  do Mosteiro daquele Santuário oferecer, e pagar o mesmo feudo. 
Antes de morrer fundou renda para os Missionário da China, Japão, e Malavar; e sempre foi na Côrte de Madrid, bem-feitora de todos os Missionários, e procuradora dos requerimentos, e despachos das Missões. No testamento com que faleceu, deixou uma herdade no termo de Lisboa para sustento dos Missionários, que passavam ao Oriente. Deixou cinquenta pesos todos os anos sobre as casas em que vivera, para sustentar-se no Império da China um Missionário da Companhia de JESUS; declarando por última vontade, que passaria o Estado de Maqueda a esta Religião para administrar as rendas em benefício das Missões da Índia. Também deixou ao Hospital de Elche um moinho de três pedras para sustento dos pobres da Vila. Fez uma doação para rodas as Quintas-feiras, e outras festas do ano, se acenderem cinco tochas de cera na Igreja do Sacramento da Vila de Torrijos; e renda separada para limpeza da Capela, e do Altar, de Ornamentos, Corporais, e toalhas. Consignou a renda de um juro de setecentos, cinquenta mil maravedis para reparos, e ornamentos das Igrejas do Estado de Maquela, declarando, que todo o seu rendimento aplicara em utilidade, e serviço das Igrejas. Com estas, e outras muitas excelentes obras, e virtudes; com os Sacramentos da Igreja; com repetidos, e fervorosos actos de Fé, Esperança, e Caridade, faleceu preciosamente num Sábado neste dia [9 de Fevereiro] do ano de 1715 na Côrte de Madrid, com oitenta e cinco anos de idade. Jaz sepultada na Capela Mór do Mosteiro de Guadalupe, aos pés da milagrosa imagem da Senhora.

7 de fev. de 2019

Fr. EGÍDIO DA APRESENTAÇÃO (8 de Fevereiro)


Frei Egídio da Apresentação, Eremita de Santo Agostinho, Lente de Prima de Teologia jubilado na Universidade de Coimbra: um da Imaculada Conceição da Mãe de Deus; outro sobre os oitos livros da Física de Aristóteles; e cheio de virtudes, e merecimentos, faleceu neste dia [8 de fevereiro], de oitenta e sete anos, no 1626. 

6 de fev. de 2019

S. FIEL, Bispo e Confessor (7 de Fevereiro)

Em Mérida, passou neste dia [7 de Fevereiro], ano de 570 ao logro da coroa imortal, São Fiel, Arcebispo daquela antiga Metrópole da Lusitânia. Abraçou, e seguiu os ditames mais altos da perfeição, e soube desempenhar, por modo singularíssimo, as obrigações do seu nome: Foi servo, a toda a luz, fiel, e prudente; Fiel, no amor para com Deus: Prudente, no governo do seu rebanho. 

5 de fev. de 2019

NASCE O PADRE ANTÓNIO VIEIRA (6 de Fevereiro)


No mesmo dia [6 de Fevereiro], ano de 1608 nasceu em Lisboa o Padre António Vieira da companhia de JESUS. Foi batizado na Freguesia da Sé, na mesma pia, onde o foi Santo António, cuja língua, e espírito soube imitar na eloquência, agudeza, e fervor, com que expôs a palavra Divina, sendo, sem controvérsia, no seu tempo, (e o será nos futuros) a glórias dos Púlpitos, a luz, e Mestre dos Prégadores. Dele tratamos em outro dia largamente [a 18 de Julho]. 

4 de fev. de 2019

O Beato Fr. GONÇALO DE GARCIA, Mártir (5 de Fevereiro)

O Beato  Frei Gonçalo Garcia, nascido em Baçaim, cidade no Estado da Índia, sujeita à Coroa de Portugal, filho de pai Português, e de mãe natural da terra: Tomou o hábito de Leigo na Religião dos Menores: Padeceu martírio neste dia [5 de Fevereiro], ano de 1597 sendo crucificado em Japão na Cidade de Nagazaqui com vinte, e cinco companheiros, aos quais o sumo Pontífice Urbano VIII declarou verdadeiros Mártires em Bula expedida a 14 de Setembro de 1627.
Memorial aos Vinte e Seis Mártires, no mesmo local do martírio, em Nishiozaka Park - Japão (西坂公園).

3 de fev. de 2019

DESAFIO ENTRE FERAS (4 de Fevereiro)

No mesmo dia [4 de Fevereiro], ano de 1517 quis ElRei Dom Manoel experimentar o que se afirmava da antipatia, que tinham entre si o Elefante, e o Rinoceronte, e do modo, e fereza, com que se combatiam; e, como tivesse ambas estas feras em Lisboa, as mandou lançar num pátio grande em Lisboa, as mandou lançar em um pátio grande de Palácio, cercado de paredes altas. É o Rinoceronte na corpulência quase igual ao Elefante, posto que parece menor, por ter as pernas muito mais curtas; a natureza o vestiu de conchas, como de tartaruga, que lhe servem de rodelas, em defensa das principais partes do corpo; tem uma ponta na testa, de palmo e meio de comprido, e de uma palmo de roda muito aguda, e dura como aço. Postas, pois, em campo estas duas feras, se viu, que o Rinoceronte, mostrando uma resolução destemida, caminhava para o Elefante, assoprando pelas vestas com tanta força, que fazia levantar o pó, como se fora um grande pé de vento, o Elefante, dando também grande urros, se pôs em acção de pelejar; mas como era de pouca idade, temeu o combate, e investindo com uma janela, de grades de ferro, meteu a cabeça com tanta força, que cobrou dois varões, e saiu por entre eles, sendo a abertura tão pequena, que apenas cabia por ela um homem. Mas o temor da morte, e a indústria da natureza, lhe deram jeito para poder sair por tão pequeno lugar. Ficou o Rinoceronte mui senhor de si, e do campo, mostrando nos meneios que fazia, o gosto de se ver temido. ElRei Dom Manoel o mandou, neste mesmo ano, ao Papa Leão X com outro presente de peças, e joias de grande valor (não desigual ao que lhe havia mandado três anos antes) mas perdeu-se a Nau na costa de Génova, com tudo o que nela ia, e saindo o corpo do Rinoceronte à praia, lhe tiraram a pele, e foi levada ao Papa, que a recebeu, e viu, e toda Roma, com grande admiração, e espanto, como cousa nunca vista até então em Itália.

2 de fev. de 2019

ESCOLÁSTICA DE SÃO BENTO (3 de Fevereiro)


Neste dia, ano de 1734 faleceu na Vila de Constância, em idade de cento e trinta e seis anos, cinco meses, e dezessete dias, Escolástica de São Bento, natural da Vila de Santarém, onde foi batizada na Freguesia de Santa Iria, filha de Francisco Fernandes, e de Inês Dias. Casou cinco vezes, e faleceu viúva sem descendentes; porque todos os que teve, a precederam na morte; e ainda nesta idade continuava em ir ouvir Missa sem bordão, nem companhia alguma. 

1 de fev. de 2019

CASA ElRei D. JOÃO I com a Rainha DONA FILIPA. (2 de Fevereiro)

No mesmo dia [2 de Fevereiro], ano de 1387 se celebraram na Cidade do Porto as felizes bodas entre ElRei D. João I de Portugal, e a Rainha Dona Filipa, sendo ElRei de vinte e nove anos, e a Rainha, de vinte e oito. Saiu ElRei em um formoso cavalo branco, vestido de rica tela, e a Rainha, em um bizarro palafrém da mesma cor, também ricamente vestida, e ambos com Coroas de ouro esmaltadas de pedras preciosas. O Arcebispo de Braga e do Porto os recebeu na Catedral, e lhe deu as bênçãos: Concorreu toda a Nobreza deste Reino, e muita de Inglaterra, que acompanhava ao Duque de Lencastro pai da Rainha. Houve um Real, e esplêndido banquete, em que entraram todos os Prelados, e Cavaleiros de uma, e outra nação; O Condestável Dom Nuno Álvares serviu de Mestre-sala, tão dentro em ordenar os assentos na mesa, como na companha os esquadrões. Por muitos dias se continuaram na mesma Cidade, e por todas as partes do Reino, luzidas festas de justas, e torneios, e outras demonstrações de alegria. ElRei fez logo casa à Rainha, e nomeou seu Mordomo mór ao Mestre de Cristo Dom Lopo de Sousa: Copeiro mór Gonçalo Vasquez Coutinho: Reposteiro mór Fernão Lopes de Abreu; E nomeou outros muitos Cavaleiros, e senhoras da primeira nobreza para seu serviço, e logo lhe encomendou a regência do Reino, em quanto durasse a ausência, que fazia, acompanhando a Castela o Duque seu pai, nas pertenções, que este teve à sucessão daquela Coroa.