31 de ago. de 2018

A Rainha D. DULCE, MULHER delRei D. SANCHO I. (1 de Setembro)

DONA Dulce, Rainha de Portugal, mulher delRei Dom Sancho I filha de Dom Ramon  Berenguer, Conde de Barcelona, Príncipe de Aragão, e de sua mulher Dona Petronilha, Rainha de Aragão. Morreu em Coimbra neste dia [1 de Setembro] de 1198. Jaz na Capela mór de Santa Cruz da mesma Cidade com ElRei seu marido. Não temos especiais memórias suas, mas se pelos frutos se conhece a bondade da árvore, não podia deixar de ser de santa vida, pois sabemos, que foi mãe de três filhas Santas, de três Rainhas, de três filhos Soberanos, como dizemos em outros lugares.

ANO HISTÓRICO - de SETEMBRO

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ANNO HISTORICO,
DIARIO PORTUGUEZ


Índice de
SETEMBRO

Dias:


1 - I, II, III, IV.
2 - I, II, III.
3 - I, II, III, IV, V, VI ,VII.
4 - I, II, III, IV.
5 - I, II, III, IV.
6 - I, II, III, IV, V.
7 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII.
8 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII.
9 -  I, II, III.
10 - I, II, III, IV, V.
11 - I, II, III, IV.
12 - I, II, III, IV, V, VI, VII.
13 - I, II, III, IV.
14 - I, II, III, IV, V.
15 - I, II, III, IV, V.
16 - I, II, III, IV, V.
17 - I, II, III, IV, V, VI, VII.
18 - I, II, III, IV.
19 - I, II, III.
20 - I, II, III, IV, V, VI.
21 - I, II, III, IV, V, VI.
22 - I, II, III, IV, V, VI.
23 - I, II, III.
24 -  I, II, III, IV.
25 - I, II, III.
26 - I, II, III.
27 - I, II, III, IV, V.
28 - I, II, III.
29 -  I, II, III, IV, V, VI.
30 -  I, II, III, IV, V.

PROTESTO

"Em observância dos Decretos Apostólicos, em nome do Autor, e meu, declaro, que as pessoas, que viveram, e morreram com fama de santidade, e os milagres, e sucessos, que excederem as forças humanas, e se referem neste livro, sem estarem aprovadas pela Santa Sé Apostólica; não têm mais autoridade, ou certeza, que a que dão os Autores, que primeiro as escreveram; e em tudo me sujeito às determinações da S. I. R. - Lourenço Justiniano da Anunciação."

30 de ago. de 2018

HENRIQUE DIAS (31 de Agosto)

Henrique Dias, Negro por nascimento, claríssimo por acções começou a servir nas guerras de Pernambuco, com um Terço dos da sua Nação, desde o tempo, em que Matias de Alburquerque governava aquela Província, e desde então começou a ser flagelo de Holandeses. Vez houve, em que lhe viram matar cinco por sua mão; de tal sorte o temiam, e aos seus Negros, que já para os da guerra os reputavam invencíveis. Em certa ocasião lhe passaram uma bala a mão esquerda, e logo a mandou cortar, por fazer a cura mais breve, dizendo: Que ficava mui contente com a direita, que lhe bastava para matar Holandeses em serviço do seu Rei; assaltou, e rendeu muitas Praças, e Fortalezas de grande consideração, e costumava chegar-se aos muros, e lançar o seu bastão dentro neles, e dizia aos seus Negros, que ou todos haviam de morrer com ele, ou haviam de resgatar a insígnia do seu Cargo. Defendeu outras Praças contra toda a esperança, até que desesperavam os invasores; militou desde os princípios desta guerra, e chegou ao fim logrando a glória de lhe deverem em grande parte aqueles povos a sua liberdade ElRei Dom João IV que então Reinava, lhe fez mercê do hábito de Cristo, que ele prometeu não pôr no peito, se não depois de expulsado o Holandês, e assim o cumpriu pontualmente. Faleceu neste dia [31 de Agosto], ano de 1661 deixando, apesar da cor, esclarecida fama. 

29 de ago. de 2018

O Padre VICENTE DA RESSURREIÇÃO (30 de Agosto)

O Padre Vicente da Ressurreição, Cónego secular da Congregação de São João Evangelista, formado em Cânones, Doutor em Teologia pela Universidade de Coimbra, Qualificador do Santo Ofício, Examinador das Ordens Militares, Protonorário Apostólico, Juiz da Legacia, Conservador das Religiões [Ordens Religiosas] de São Bento, de São Bernardo, da Trindade, de Belém, da Cartuxa, e de todas as confrarias de Nossa Senhora do Rosário, que então havia em Portugal: Foi dos primeiros discípulos do grande Soares [Francisco Suárez], o qual costumava dizer: Que daria por bem empregada a sua vinda a este Reino, ainda quando nele não colheram outro fruto, mais que o de ter um tal discípulo, como o Padre Vicente da Ressurreição. Era conhecidamente douto em Teologia, Cânones, Leis, Medicina, e Matemática. Tinha uma grande livraria, mas ainda era maior a sua memória; porque não se lhe apontava cousa alguma das que se continham no seus livros, que ele logo não prosseguisse a matéria com admirável formalidade, e apontando o Capítulo. Sem o seu conselho não obravam os Núncios, e de todos geralmente o Salomão Lusitano. Sendo Geral da sua Congregação do Evangelista, faleceu em S. Bento de Xabregas neste dia [30 de Agosto], ano de 1636.

28 de ago. de 2018

MORTE GLORIOSA DE D. CRISTÓVÃO DA GAMA (29 de Agosto)

Na madrugada deste mesmo dia [29 de Agosto], ano de 1542 foi feito prisioneiro, pelos Corredores do Exército de ElRei de Zeila, o nobilíssimo Capitão Dom Cristovão da Gama; e levado à presença do mesmo Rei, este o tratou com bárbara crueldade: tendo-o diante de si em pé, lhe mandou dar muitas bofetadas com as chinelas dos seus escravos: logo lhe mandou fazer tranças dos cabelos da barbas envoltos em cera, e lhe fez pôr o fogo, e assim o mandou levar pelo meio dos esquadrões, feito a fábula, e ludibrio daqueles bárbaros, e trazido outra vez a ElRei, lhe cortou por sua mão a cabeça: sofreu Dom Cristovão aquelas afrontas, e a morte com admirável constância, e resignação, oferendo-se em sacrífico a Deus, por cuja honra padecia, e em obséquio, e serviço a Deus, por cuja honra padecia, e em obséquio, e serviço da verdadeira Fé, e do seu Rei, afirma-se, que no lugar onde foi degolado, nascera logo uma fonte, em cuja água os enfermos experimentavam efeitos milagrosos. Pouco depois chegou o Imperador Athanà Sagad com um numeroso Exército, a quem se uniram os Portugueses, que sobreviveram à última batalha, e em outra venceram, e aprisionaram a ElRei de Zeila, e o Imperador lhe cortou também a cabeça por sua mão.

RECONHECE PORTUGAL AO VERDADEIRO PONTÍFICE URBANO VI (29 de Agosto)

Papa Urbano VI.
FLUTUAVA a Barca de São Pedro na direção de dois Pilotos, arrobando cada um deles a si o governo dela: Eram estes, Urbano VI e Clemente VII. e a Cristandade se achava dividida no séquito de um e outro: Os Portugueses se conservavam neutrais, postos que pela maior parte se inclinavam para Clemente. Porém, como então se achava a nossa Corte cheia de Príncipes Ingleses, cujo Rei seguia as partes de Urbano, persuadiram estes a ElRei de Portugal, que tratasse de tomar resolução, em um ponto de tanta importância, para o bem, e o sossego  das consciências dos seus Vassalos. Disputou-se logo a controvérsia com grande ardor, e finalmente assentaram os Prelados, e homens mais doutos o Reino, que Urbano era (como era sem dúvida) o verdadeiro Pontífice; Em consequência deste resolução, ElRei D. Fernando, e toda a Corte, neste dia [29 de Agosto], ano de 1281 lhe prometeram, e juraram solenemente obediência na Catedral de Lisboa, pondo as mãos sobre uma Hóstia Consagrada, estilo com que se prometiam, e juravam naquele tempo as cousas de maior consideração; e logo todo o restante do Reino seguiu o exemplo de ElRei, e da Corte.
Rei D. Fernando I de Portugal.

27 de ago. de 2018

MORRE ElRei D. AFONSO V (28 de Agosto)

Resultado de imagem para D. AFONSO VNo mesmo dia [28 de Agosto]. ano de 1481 morreu no Palácio de Cintra na mesma casa, em que nascera, ElRei Dom Afonso V com quarenta e nove anos de idade, e quarenta e três de Reinado. Casou com a  Rainha Dona Isabel, filha de seu tio o Infante Dom Pedro, de quem teve ao Príncipe Dom João, que morreu menino, a Princesa Santa Joana, e o Príncipe Dom João seu sucessor, Rei II do nome de Portugal. Jaz no Real Convento da Batalha. Falava, e escrevia com cuidado, e elegância. Foi Príncipe com mais prendas de homem, que de Rei. Inclinou muito para o extremo benevolência, e brandura, com ofenda da Magestade, donde veio o dizer-se  dele, que foram melhor homem, que Rei. Nas cousas da Justiça, e governo político foi remisso. Nas dádivas antigo prodigo, que liberal. Na continência foi raro: afirma-se, que sendo viúvo de vinte e três anos, nunca mais conheceu mulher alguma. Foi o primeiro Rei de Portugal, que ajuntou livraria em Palácio. Tratava, e amava com singularidade homens doutos, e virtuosos. Facilmente se permitia aos olhos do povo, contra o estilo, que haviam observado seus predecessores. Nas armas foi pronto, e animoso, e tocava talvez em temerário. Passou a África em pessoa três vezes, e conquistou a Alcácer Ceguer, Arzila, e Tânger; razão, porque lhe chama o Africano. No comer, e beber, muito parco, nas cousas da Religião sumamente pio. Os princípios e fins do seu Reinado foram por extremo infelizes. Naqueles, pela morte do Infante Dom Pedro, seu tio, sogro, e tutor, a quem devia grandes demonstrações de amor, e veneração, e de suma vigilância na criação da sua pessoa, e governo da República. Nestes, pelo  segundo casamento, empenhos, e guerras, em que entrou com pouco conselho, e de que saiu com menos reputação. Pelo que determinava recolher-se, e tomar o hábito de São Francisco no Convento de Varatojo, que havia fundado. 

26 de ago. de 2018

LEVANTA-SE O SÍTIO DA FORTALEZA DE CANANOR (27 de Agosto)

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No ano de 1507 se achavam os Portugueses em Cananor, dominando uma nobre Fortaleza, que ali havia edificado com licença do Rei daquela terra. Sucedeu-lhe outro no Reino, o qual, ou ressentido de alguns agravos, que recebera, ou zeloso da sua jurisdição, veios sitiar com poderosos Exército de vinte mil combatentes, que depois desceram a cinquenta mil, a dita Fortaleza: Era Governador dela Lourenço de Brito, Fidalgo ilustre por sangue, e por valor; durou o sítio quatro meses, rebatendo os defensores contínuos, e fortíssimos assaltos de dia, e de noite; mas sendo tão excessivo este aperto, ainda era maior o que padeciam por falta de viveres: chegaram a estado, que cada gota de água lhe custava muitas de sangue, e vieram a faltar-lhe todos os mantimentos, mas não a constância; então foi, quando experimentaram a singular maravilha, que em outro lugar referimos [a 15 de Agosto], até que neste dia lhe deram os infieis ao mesmo tempo. por mar e terra, dois furiosos assaltos, e com tão obstinada porfia, que durou o conflicto, desde a madrugada até noite. Com ela lhe entrou o último desengano, de que era invencível o valor dos Portugueses, e logo lhe pediram paz, a qual lhe foi concedida, com as condições, que costumam pôr os vencedores, e que não podem negar os vencidos. 

25 de ago. de 2018

A Madre MARIA PERPÉTUA (26 de Agosto)


Na Cidade de Beja, no Convento da Esperança de Religiosas Carmelitas calçadas faleceu neste dia [26 de Agosto], ano de 1736 com cinquenta e dois de idade, e quase trinta e um de professa a Madre Maria Perpétua, Religiosa adornada de muitas virtudes, mui penitente, e observadora dos votos da sua regra. Faleceu com evidentes finais de predestinada, ficou flexível, e vinte sete horas depois de expirar na presença do Vigário Geral, do Padre Confessor do Convento, e de alguns Notários Apostólicos, que autenticaram alguns prodígios, foi sangrada, e se viu correr sangue líquido da cisura.

24 de ago. de 2018

23 de ago. de 2018

HORRENDO TERREMOTO EM PORTUGAL (24 de Agosto)

NESTE dia [24 de Agosto], numa quarta-feira, ano de 1356 tremeu a terra em grande parte de Portugal, por espaço de um quarto de hora. Chegaram a tocar-se os sinos, sem outro impulso mais, que o movimento da terra, caíram muitos edifícios, abriu de alto a baixo a Capela mór da Sé de Lisboa: o tremor, ainda que mais quieto, e cortado a espaços, continuou quase um ano, cousa nunca vista no mundo até então.

22 de ago. de 2018

S. LUPO, Mártir (23 de Agosto)

SÃO Lupo, a quem fez escravo a fortuna, mas a graça lhe participou tão generosos brios, que com santa liberdade defendeu as verdades da Fé, e por ela conseguiu martírio neste dia [23 de Agosto], em Pontevedra, povoação, que então pertencia à nossa Lusitânia.

S. FABIÃO, Arcebispo de Braga (23 de Agosto)

SÃO Fabião, ou (como outros lhe chamam) Flaviano, foi Arcebispo de Braga, e sexto na ordem dos Arcebispos daquela Primacial: igualou a seu predecessores, não menos na perfeição da vida, que no eminente da Dignidade, e coroado de merecimentos passou a lograr o prêmio deles, neste dia [23 de Agosto], ano de 230.

21 de ago. de 2018

BAPTISMO DE Sto. ANTÓNIO DE LISBOA (22 de Agosto)

CORRENDO o ano de 1195 neste dia [22 de Agosto], o oitavo do seu nascimento, foi baptizado na Igreja Catedral de Lisboa, na Pia, que ainda hoje se vê na mesma Catedral, o glorioso, portentoso Santo António. Puseram-lhe o nome de Fernando, que ele depois mudou no de António, quando mudou de hábito, e profissão; e na Pia se leem estes versos:
Hic sacris lustratus aquis, Antonius Orbem.
Luce beat, Paduam corpore, mente Polum.

20 de ago. de 2018

MARIA DA SILVA (21 de Agosto)

No mesmo dia [21 de Agosto], em Sexta-feira, pelas oito horas da manhã, ano de 1736 faleceu na Cidade de Lisboa em casa do Marquês de Abrantes, com perfeito conhecimento, e muita conformidade Cristã, e com mais de cento e doze anos de idade, Maria da Silva, natural da Cidade de Tânger, que serviu mais de um século a casa do mesmo Marquês, desde o tempo de seus terceiros avós, vivendo sempre donzela, e com muitas virtudes morais.

19 de ago. de 2018

S. LÚCIO, e Sta. CÁLCIA, Mártires (20 de Agosto)

SÃO Lúcio Caio Atilio, Pai das Santas noves Irmãs Bracaenses, convertido à Fé, padeceu por ela neste dia [20 de Agosto], na perseguição do Imperador Antonino. A mesma dita logrou Cálcia, Mãe das mesmas Santas, a cujas orações se deve, com razão, atribuir o novo ser, que conseguiram seus Pais, muito mais felizes; e excelente, que o que elas receberam dele.

Fr. HEITOR PINTO (19 de Agosto)

Frei Heitor Pinto, Português, natural da nobre Vila da Covilhã: depois de estudar Direito nas Universidades de Coimbra, e Salamanca, professou o hábito da Sagrada Religião de São Jerónimo. Foi excelente Teólogo, e versadíssimo nas exposições da Sagrada Escritura, cuja Cadeira leu muitos anos, com maravilhosa aceitação, na Universidade de Coimbra: Escreveu, e imprimiu sobre alguns livros dela doutíssimos Comentários: Os seus Diálogos foram, e serão sempre estimadíssimos, e com tais foram impressos muitas vezes, e traduzidos em várias línguas. Morreu em Castela no seu Convento de Guadalupe, neste dia [19 de Agosto], ano de 1584.

17 de ago. de 2018

D. Fr. ANTONIO DE GOUVEA (18 de Agosto)

DOM Frei António de Gouvea, natural de Beja, da nobre família do seu apelido [sobrenome]. Estudou na Universidade de Évora, e fez grande progressos nas letras divinas, e humanas. Entrou na sagrada Religião [Ordem Religiosa] dos Eremitas de Santo Agostinho, e passou à Índia, e de Goa à Pérsia, por Embaixador do Governador Aires de Saldanha, para solicitar com aquele Rei, que rompresse guerra com o Turco, e achou nele tanta benevolência, que não só rompeu a guerra, como se pretendia, mas lhe concedeu licença para levantar Igreja na sua Corte, e prégar a Mouros, e Gentios. Foi copioso o fruto, que colheu, convertendo grande número de almas. Os Arménios abjuraram os seus erros, e deram obediência ao Pontífice Romano, e entre eles reduziram sete Bispos, e um Príncipe, cunhado do Xá, ou Rei da Pérsia. Com um seu Embaixador, voltou Frei António a Portugal, donde (já feito bispo Cirene, e com poderem de Núncio, e Legado Pontifício) voltou outra vez para a Pérsia, onde achou mui perturbado o estado das cousas, e padeceu muitas contradições, e gravíssimos trabalhos pela variedade daquele Rei. Voltando a Europa, foi cativado pelos Mouros, que dois anos o atormentaram cruelmente, e depois resgatado, chegou a Hespanha, e faleceu na Vila de Mançanares, junto a Madrid, neste dia [18 de Agosto], ano de 1628. Escreveu, e imprimiu as vidas de Santa Clara de Monte Flaco; de São João de Deus; de três Mártires da sua Religião [Ordem Religiosa] de Santo Agostinho; da conversão, que no Malavar fez o Arcebispo de Goa, Dom Frei Aleixo de Meneses; mas sua Relações das guerras, e missões da Pérsia; e um Sermão, que prégou nas exéquias do Governador da Índia, André Furtado de Mendonça.

16 de ago. de 2018

Dona BEATRIZ DA SILVA (17 de Agosto)

DONA Beatriz da Silva, filha dos mesmos pais do Beato Amadeu, de quem falamos a dez deste. A Rainha Dona Isabel, nossa Portuguesa, mulher delRei Dom João II de Castela, a quis levar consigo, porque a amava com muitas veras, por lhe ser muito chegada em sangue, e muito mais pelas virtudes, e prendas, que nela resplandeciam. A sua singular formosura, muito a pesar da sua modéstia, ocasionou alguns encontros, e ruídos entre os grandes daquela Corte; dando nasceu, que a Rainha com precipitada resolução a mandou meter em um apertado, e escuro cárcere. Nele consagrou a Deus a sua pureza, fazendo voto de perpétua castidade, e no mesmo ponto foi visitada da Rainha dos Anjos, vestida de azul, e branco, cores de que depois usou a Ordem da Conceição, fundada pela mesma Dona Beatriz. Serenada a cólera da Rainha, a mandou restituir à  sua liberdade, mas a venturosa Donzela lhe pediu licença para se retirar (como fez) ao Convento de São Domingos o Real, na Cidade de Toledo, onde viveu muitos anos em contínuos e fervorosos exercício de piedade, e devoção; até que, chegado o tempo, destinado pela Providência divina, deu princípio à sobredita Ordem, a qual se dilatou por toda Hespanha, Itália, e França, em sumptuosos, e reformadíssimos Mosteiros. concorreu para a erecção da mesma obra outro ilustre Português Dom Isidoro Tristão, de quem falamos noutro dia. O Sumo Pontífice Inocêncio VIII a aprovou, e com Bulas sucedeu uma rara maravilha: Porque, perdendo-se o navio, em que vinham, sem já mais se saberem novas dele, foram as Bulas, por ministério de Anjos, entregues a Dona Beatriz. Autenticou-se esta rara maravilha, e em acção de graças se fez em toledo uma solene procissão, levando as bulas dom Fr. Francisco Quixada, Bispo de Guadix, da Ordem dos Menores, o qual na sé de toledo fez um famoso Sermão, em que referiu o milagre, por cuja causa se guardam ainda hoje as mesmas Bulas no Sacrário da Igreja da Conceição da mesma Cidade. A persuasões desta insigne Portuguesa (por isso mesmo mais insigne) procuraram, e estabeleceram os Reis Católicos, Dom Fernando e Dona Isabel, o Sagrado Tribunal da Inquisição nos Reinos, que dominavam em Hespanha; invento maravilhoso, em grande crédito da Fé, e utilidade dos Fieis. Prosseguiu Dona Beatriz sempre com igual fervor, os exercícios da perfeição, e aparecendo-lhe a Virgem Sacratíssima, lhe revelou o dia da sua morte, para a qual se preveniu com ardentíssimos actos de piedade Cristã. Recebeu devotíssimamente os Sacramentos, e ao tempo, em que lhe foi dado o da Unção, se lhe viu na testa uma Estrela de ouro, e no rosto uma claridade celestial. Foi seu glorioso trânsito neste dia [17 de Agosto], ano de 1490. Logo apareceu cheia, e coroada de luz a seu Confessor. Jaz hoje no Mosteiro da sua Ordem em Toledo.

15 de ago. de 2018

Fr. MANOEL GUILHERME (16 de Agosto)

Frei Manoel Guilherme, da Ordem de São Domingos, foi natural de Lisboa, onde leu muitos anos Teologia moral, Qualificador do Santo Ofício, Examinador do Padroado Real, e das três Ordens militares, e um dos mais famosos Prégadores da Corte, e grande bem-feitor da sua Religião [Ordem Religiosa], que lhe deve a grande, e excelente biblioteca do Convento de São Domingos de Lisboa, e outras mais obras; e a República literária os quatro tomos do Agiológio Dominicano, que compreende todo o ano, e outras mais composições predicativas, morais, e espirituais. Foi grande director místico, e religioso perfeito. Fugiu de governos, e prelazias, e sem estes encargos, e com muitos merecimentos, faleceu neste dia [16 de Agosto], ano de 1730 com setenta e dois de idade.

14 de ago. de 2018

NASCE Sto. ANTÓNIO DE LISBOA (15 de Agosto)

No ano de 1195 neste ditoso dia [15 de Agosto], governando a Barca de São Pedro, Celestino III o império do Oriente Izacio Ângelo, o do Ocidente Henrique V e o reino de Portugal Dom Sancho I nasceu em Lisboa, famosíssima Capital do mesmo Reino, o glorioso, e portentoso Santo António. Foram seus Pais, Martim de Bulhões, e Dona Teresa Taveira, ambos de claríssima nobreza, e de estremada virtude. Viviam junto da Igreja Catedral de Lisboa, em casas, que vemos convertidas em um asseadíssimo Templo, fábrica moderna dos Reis Dom João II,  e Dom Manuel, como se vê no letreiro, que corre no arco da porta principal, cujas letras, por serem cortadas com artifício em pedaços de ramos, e outras figuras alheias da escritura, não são muito conhecidas, formam estas palavras: Joannes II. Emmanuel I. Reges boa opus construxerunt. É Igreja do Padroado Real, isenta do Ordinário por privilégio da Santa Sé Apostólica, administrada pelo Senado da Câmera. É hoje tão rica, tão perfeita, tão asseada, tão vistosa, e tão bem servida, que faz competência com as melhores de Portugal. Tem para seu serviço, e ornato mais de cem mil cruzados de prata lavrada, dizem-se na mesma Igreja cada ano mais de trinta e duas mil Missas.

[Nota do blogue: Dados do séc. XVII.]

INSTITUI S. DÂMASO Papa A FESTA DA ASSUNÇÃO DE N. SENHORA (15 de Agosto)

NESTE plausível dia, em Sexta-feira, às três horas da tarde, ano 49 do Nascimento de Cristo, com setenta ou setenta e dois anos de idade, menos vinte e seis dias, segundo diversas opiniões, subiu, milagrosamente ressuscitada, a Virgem Maria Mãe de Deus nos braços de Nosso Senhor Jesus Cristo, seu amado Filho, ao mais alto do Empíreo; cujas suavíssimas memórias de triunfo tão glorioso, celebrado com imensa grandeza, e majestade, festeja neste dia [15 de Agosto] a Igreja Católica. Mas qual foi o Sumo Pontífice, que na mesma Igreja, instituiu, e deu princípio a esta grande solenidade? Foi um português, São Dâmaso no ano de Cristo de 364. ElRei D. João I do nome em Portugal aumentou o mesmo culto neste Reino, fazendo dedicar as Igrejas Catedrais à gloriosa Assunção da Augustíssima Senhora.

13 de ago. de 2018

TRESLADAÇÃO DA CONGREGAÇÃO DO ORATÓRIO DE LISBOA (14 de Agosto)


No mesmo dia [14 de Agosto], ano de 1674 se mudou a sagrada Congregação do Oratório de Lisboa do sítio em que principiou, como dissemos noutra aparte, para a Igreja do Espírito Santo, em que ao presente se vê na rua nova de Almada, com majestosa procissão. Levou o Santíssimo Sacramento o bispo Capelão mór Luiz de Souza, depois Arcebispo de Lisboa, e Cardeal, acompanhado de toda a Capela Real em forma de Comunidade, e do Sereníssimo Príncipe Dom Pedro, então Regente, e depois Rei II do nome, e de toda a Nobreza da Corte. No dia seguinte esteve o Senhor exposto, assistiu o Arcebispo de Lisboa, Dom António de Mendonça, e celebrou pontificalmente o seu Coadjutor, Dom Fr. Cristóvão de Almeida, Bispo de Martiria. De tarde visitaram a Igreja as Pessoas Reais, o Núncio Apostólico, e tudo se fez com grande pompa, e majestade, devoção, e alegria de toda a Casa Real, onde teve o seu princípio a mesma Congregação.

12 de ago. de 2018

SUCESSO INFELIZ EM ÁFRICA (13 de Agosto)

Desejava ElRei Dom Manuel senhorear toda a Costa de África, que faz rosto a Hespanha, que era o mesmo que pôr um freio aos Mouros para não poderem infestar com os seus roubos os nosso mares, e terras. Sobre outros muitos portos, que já dominava, quis levantar uma Fortaleza no rio da Cidade de Mamora, e a este fim mandou Dom António de Noronha, seu Escrivão de Puridade, que depois foi o primeiro Conde de Linhares, com uma grande Armada, em que iam mais de oito mil homens de guerra, e muitos Fidalgos ilustres, e nobres  Cavaleiros. Mas houve tão pouca ordem na empresa, e foram os nossos, neste dia, tão poderosamente rebatidos dos Reis de Fez, e Maquinez, e de infinito número de Mouros, que finalmente se retiraram com perda de quase quatro mil homens, de muita artilharia, e munições de guerra. Ouviu ElRei esta nova (a mais infeliz, que recebeu em sua vida) com admirável serenidade, mostrando no rosto um ânimo superior a toda a fortuna.

11 de ago. de 2018

OS SANTOS GRACILIANO, E FELICÍSSIMA M.M. (12 de Agosto)

EM Alacácer do Sal, Cidade ilustre no tempo da antiga Lusitânia, o glorioso martírio dos Santos Graciliano, e Felicíssima, que pelos ano de 269 imperando Cláudio, foram presos e atormentados pela Fé: Obrou Graciliano grandes maravilhas no Cárcere, dando vista a cegos, e vida a mortos:  foram ambos degolados, e coroados neste dia com a glória do martírio. Pouco depois apareceram resplandescentes, e alegres a seus pais, e os persuadiram a que fossem Cristãos, e recebessem o Batismo, como fizeram, acabando perfeitos Católicos, e Santo Confessores, na mesma Cidade, a qual, posto que nos Martirológios, se chama Falaria, se deve ler Salaria, que este era o nome de Alcácer do Sal naquele tempo.

10 de ago. de 2018

FUNDA-SE A ORDEM MILITAR DE AVIS (11 de Agosto)



D. Afonso Henriques
Neste dia [11 de Agosto], ano de 1161 foi instituída em Coimbra por ElRei Dom Afonso Henriques, com autoridade Apostólica, na presença dos maiores Prelados, Cavaleiros de Portugal, a Ordem Militar de Avis. Deu-se o mesmo Santo Rei por Protectora a Santíssima Virgem Maria, por Grão Mestre a Dom Pedro Afonso, meio irmão do mesmo Rei, por regra de São Bento, conforme aos estatutos, e reforma de Cister, com a direcção, e aprovação do Venerável Abade João Cirita, naquele tempo Legado Apostólico, que depois confirmou o Papa Inocêncio III passando esta Ordem para a Cidade de Évora no Reinado delRei Dom Sancho I. Depois passou para a Vila de Avis, que lhe deu o nome, e à mesma Vila, por se verem duas águas no sítio em que se fundou o seu Castelo, e Convento em 1213. Tem os Cavaleiros deste esclarecida Ordem quarenta e oito redoza[?] Comendas, por hábito, e venera uma Cruz verde com quatro flores de Lis.

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9 de ago. de 2018

O Beato AMADEU (10 de Agosto)

Mosteiro de Sta. Maria de Guadalupe.
O BEATO Amadeu (no século Dom João de Meneses da Silva) foi filho de Rui Gomes da Silva, Alcaide Mór de Campo Maior, e Ouguela, e de Dona Isabel de Meneses, filha de Dom Pedro de Meneses, primeiro Capitão de Ceuta. Foram seus irmãos, Dom Diogo da Silva, primeiro Conde de Portalegre, e [beata] Dona Beatriz da Silva, de quem a diante trataremos. Foi dotado de estremada gentileza, e de singular discrição, prendas, que realçavam sobre modo a esclarecida nobreza do seu sangue. Afirma-se, que amou com terníssimos afectos a uma Infante de Portugal, e em significação de tão altos empregos, trouxe alguns anos na gorra uma medalha de ouro, em forma de altar, com esta letra: Ignoto Deo. Vendo impossíveis os fins do seu amor, deixou a Pátria a impulsos do desengano, e passando a Castela, viveu alguns anos desconhecido no Convento de Guadalupe. Naquela escola da perfeição aprendeu a ciência dos Santos com tão maravilhoso primor, que logo começou a lograr, entre admirações dos homens, singulares favores de Deus. São Francisco e Santo António lhe apareceram, e lhe persuadiram, que passasse a Itália, e pedisse o hábito da sua Ordem no Convento de Assis. Fez uma e outra cousa, e professou no estado de Leigo, mudando o nome em Amador (que os Italianos chamam Amadeu.) Neste estado de tanta humildade, se empregou mais a seu gosto nos exercícios da perfeição Evangélica, e resplandeceu por modo superior em todas as virtudes. O zelo, que ardiam em seu coração da pontual observância da Regra do seu Seráfico Padre o animou a instituir uma nova congregação que, do seu nome, se chamou Amadeus, e foi confirmada por Sisto IV e se dilatou, e floresceu muito em Itália, onde chegou a ter vinte e oito Conventos reformadíssimos. Feito Sacerdote (porque a obediência o constrangeu) foi chamado à Cúria, e o mesmo Pontífice Sisto lhe concedeu grandes privilégios, e favores para a sua Ordem, e o elegeu seu Confessor. Tão exemplar era o seu procedimento! Tão extraordinárias as suas penitências! Tão raros os seus prodígios! Tão célebre, e tão venerado o seu nome! Ali o conheceu Dom Garcia Meneses, bispo de Évora, seu primo com irmão, quando foi por General de uma Armada, que ElRei Dom Afonso V de Portugal mandou a Itália, em socorro da Cidade de Otranto, ocupada então dos Turcos. Deu-lhe o Pontífice Sisto largas notícias de um Português que vivia naquela Côrte, homem Santo e milagroso, e D. Garcia o buscou, e conheceu, e soube Roma com universal admiração, que não era Amadeu menos esclarecido no sangue, que na virtude. Retirou-se a um Convento solitário da sua Religião [Ordem Religiosa], onde ilustrado de luz superior escreveu um livro de revelações, e profecias sobre o estado da Igreja Romana, e outros acontecimentos futuros, com o qual dizem, que se mandou enterrar, com umas letras por fora, que diziam: Aperietur in tempore. Escreveu outro de louvores da Mãe de Deus, e outras obras, cheias de alta sabedoria, e de terníssima devoção. Coroado de tão sublimes merecimentos, entre suavíssimos colóquios com Cristo crucificado, obrando ao mesmo tempo maravilhas singulares, passou neste dia [10 de Agosto], ano de 1482 da vida mortal à eterna. Jaz em Milão com venerações de Santo, no Convento de Santa Maria da Paz, que era da sua Congregação. 
Beato Amadeu de Portugal.

8 de ago. de 2018

D. JOÃO FROES, Cardeal (9 de Agosto)

DOM João Froes, foi natural de Coimbra, filho de Álvaro Froes, e de Dona Elvita Cidiz, Senhores de Maiorca, e Alhadas no districto da mesma Cidade, e de outras terras. Foi Cónego Regular de Santa Cruz, e Cardeal Bispo Sabinense, e Legado Apostólico a Hespanha. Consagrou a Igreja daquele Mosteiro em 7 de Janeiro de 1228. Faleceu neste dia [9 de Agosto] de 1236.

7 de ago. de 2018

ElRei D. DINIS DE PORTUGAL, COMO JUIZ ÁRBITRO, SENTENCIA E COMPÕE OS REIS DE CASTELA, E DE ARAGÃO, E AO Infante D. AFONSO DE LACERDA (8 de Agosto)

Rei D. Dinis I e D. Isabel de Portugal.
Havia muitos anos, que se disputava em Hespanha um pleito de gravíssimas consequências, entre ElRei de Castela Dom Fernando IV de uma parte, e da outra o Infante Dom Afonso de Lacerda IV, e era toda a questão, sobre a qual do dois pertencia aquele Reino: contendia também sobre o de Múrcia, com o mesmo Rei Dom Fernando, Dom Jaime Rei de Aragão. Estava posto (como sucede em casos semelhantes) o direito dos três no Juízo das armas, e com elas iam destruindo, e arrasando os mesmo Estados, sobre que litigavam. Cansados, enfim, de tanta guerras, e mediando a intervenção do Sumo Pontífice Benedicto XI se concordaram, em que uma, e outra contenda, se decidisse por árbitros, e convieram, que fosse o Árbitro principal o nosso Rei Dom Dinis. Passou ele a Castela, e depois a Aragão, e em Tarraciba se fez um congresso celebérrimo, de tão grande número de Príncipes, qual nunca se viu junto em Hespanha, nem antes, nem depois desta memorável ocasião. Concorreram Dom Dinis Rei de Portugal, Dom Fernando de Castela, Dom Jaime de Aragão: As Rainhas Dona Maria, e Dona Constança, esta mulher, aquela Mãe do Castelhano: Dona Isabel, e Dona Branca, ambas casadas com o de Aragão, uma em divórcio, outra na posse, e Santa Isabel, Rainha de Portugal: Dois Infantes, Dom Fernando, tio delRei de Castela, e Dom Afonso irmão do de Portugal: Duas Infantes, Dona Branca irmã delRei Dom Dinis, e Dona Violante irmã delRei Dom Jaime. este dia [8 de Agosto], ano de 1304 se deram as sentenças, e compostas, e reconciliadas as partes, se recolheu a Portugal ElRei Dom Dinis, deixando admirado o mundo, de que se fiassem da sua inteireza, três partes, que pelos parentescos desiguais, que com todas tinha, o podiam ter por suspeitoso. ainda deixou o mundo mais admirado com as imensas riquezas, que derramou neste jornada, não só com a sua real comitiva, que passava de mil pessoas, sem aceitar, que Castela fizesse despesa alguma, querendo o seu Rei fazê-la toda, mas com as grandes mercês, que fez naqueles Reinos. Pedindo-lhe nesta ocasião, emprestadas sobre certas fortalezas, lhe deu gratuitamente vinte mil. Quando já voltava de Aragão, e Castela, dizendo-lhe um Cavalheiro daqueles Reinos, que de quantas mercês neles fizera, nenhuma lhe chegara. ElRei com gesto alegre lhe respondeu, que ainda tinha, que lhe dar, e com efeito lhe deu logo uma mesa de prata, em que então estava comendo.

6 de ago. de 2018

SUCESSO MARAVILHOSO DE Fr. JOÃO DA SILVA (7 de Agosto)

PERDIDA a batalha de Alcácer, deu o Xerife licença a Belchior do Amaral, Ouvidor geral, que fora do nosso Exército, para que pudesse ir tratar do resgate dos Fidalgos cativos; com esta permissão passou a Tangere [Tânger], onde visitou a Frei João da Silva, que se achava enfermo naquela cidade; era Frei João Religioso da Sagrada Ordem dos Pregadores, do mais ilustre sangue de Portugal, e dotado de excelentes prendas: Acompanhou  a ElRei dom Sebastião naquela infeliz jornada, e chegando enfermo a Tangere, lhe ordenou ElRei, que ficasse ali, até convalescer. Estando de cama, sem conhecido perigo, o visitou (como dissemos) Belchior do Amaral, a quem Frei João disse: "Que já sabia, que tudo era perdido, e que eram mortos e cativos os príncipe Fidalgos Portugueses, e que também não ignorava a morte do Bispo do Porto Ayres da Silva, seu irmão; porém que toda esta perda de ElRei, sobre a qual ouvia várias opiniões: Que lhe pedia muito o quisesse desenganar, se descobrir-lhe a verdade, sem reserva alguma". E dizendo-lhe Belchior do Amaral, "Que sem dúvida ElRei era morto". Se voltou no mesmo ponto para a parede, e (como outro Heli Sumo Sacerdote da lei antiga) subitamente  expirou; tanto o feriu, e trespassou a dor, e a mágoa de ouvir a lastimosa morte daquele Rei, que era as esperanças de Portugal, o terror do Paganismo, as Delícias da Cristandade.

ANO HISTÓRICO - de AGOSTO

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ANNO HISTORICO,
DIARIO PORTUGUEZ


Índice de
AGOSTO

Dias:


- 1 - I, II, III.
- 2 - I, II, III, IV, V.
- 3 - I, II, III, IV, V.
- 4 - I, II, III, IV, V.
- 5 - I, II, III, IV, V,  VI.
- 6 - I, II, III.
- 7 - I, II, III.
- 8 - I, II, III, IV, V.
- 9 - I, II, III, IV, V, VI.
- 10 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX.
- 11 - I, II, III.
- 12 - I, II, III.
- 13 - I, II, III, IV, V.
- 14 - I, II, III, IV.
- 15 -  III, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV.
- 16 -  I, II, III, IV, V, VI.
- 17 -  I, II, III, IV, V.
- 18 -  I, II, III, IV.
- 19 -  I, II, III, IV, V.
- 20 -  I, II, III, IV, V, VI, VII.
- 21 -  I, II, III, IV.
- 22 -  I, II, III, IV, V, VI, VII.
- 23 - I, II, III, IV, V, VI.
- 24 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX, X.
- 25 - III, III, IV, V.
- 26 - I, II, III, IV, V.
- 27 - I, II, III, IV, V.
- 28 - I, II, III, IV, V.
- 29 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX.
- 30 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII.
- 31 - I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII.
PROTESTO

"Em observância dos Decretos Apostólicos, em nome do Autor, e meu, declaro, que as pessoas, que viveram, e morreram com fama de santidade, e os milagres, e sucessos, que excederem as forças humanas, e se referem neste livro, sem estarem aprovadas pela Santa Sé Apostólica; não têm mais autoridade, ou certeza, que a que dão os Autores, que primeiro as escreveram; e em tudo me sujeito às determinações da S. I. R. - Lourenço Justiniano da Anunciação."