20 de jan. de 2019

Soror VIOLANTE DO CÉU (21 de Janeiro)



Soror Violante do Céu, natural de Lisboa, batizada na Freguesia da Sé, Freira Dominica no Mosteiro da Rosa da mesma Cidade. Foi dotada de génio felicíssimo para todo o género de composições métrica nas línguas Portuguesa, e Castelhana. Parecia cousa do Céu; ainda mais no engenho, que no sobrenome; desde os primeiros anos, começou a ser, um prodígio da eloquência, um milagre da discrição; sendo de dezasseis, compôs a comédia de Santa Eugénia, que intitulou: La transformacion por Dios, com tanta aceitação dos entendidos, que por voto comum dos mesmos, se representou a Filipe III quando se achava em Lisboa pelos anos de 1619. Desde então até o ano de 1693 prosseguiu sempre em compor, e admirar. No dilatado curso de tanto tempo, e em tanta variedade de sucesso de dor, e alegria pública, em que os discretos aparavam as penas, e saiam com várias obras, saiu sempre Soror Violante com as suas, e sobressaiu com vantagem conhecida. Nas Academias, e Certames poéticos, que houve em seu tempo, levou sempre os primeiros prémios, e os maiores aplausos: Os Reis Dom João IV e Dona Luiza, o Príncipe Dom Teodósio, e todos os senhores, e senhoras grandes da Côrte, faziam da sua pessoa extremadíssimo apreço, e lhe davam repetidos assuntos para lograrem repetidos os seus versos, dos quais, com grande dor dos curiosos, se imprimiu só um pequeno livro, e alguns romances, que correm avulsos. Compôs três Comédias, a de Santa Eugénia, e outra, que intitulou: El hijo Esposo, y hermano; e outra: La victoria por la Cruz; Todas ao Divino, e todas as suas poesias foram sempre limpíssimas de todo o afecto menos puro. Em longa velhice com oitenta e seis anos de idade, no de 1693 faleceu neste dia [21 de Janeiro] quase de repente, mas com preparação de toda a vida, porque sempre foi Religiosa muito observante, e exemplar.

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