Caros leitores, o blog SANTO ZELO entrou de férias, pois estarei ocupada noutras tarefas que não poderei adiar. Voltarei dia 2 de Julho.
Fiquem com Deus.
Rafaela
Dom Diogo de Sousa, foi filho de João Rodrigues de Vasconcelos, Senhor de Figueiró, e de D. Branca da Silva, filha de Rui Gomes da Silva, Alcaide Mór de Campo Maior, fidalgos da mais selecta nobreza em Portugal. Estudou neste Reino as primeiras letras, e em Paris e Salamanca as ciências maiores, e saiu insigne Letrado. Logrou as estimações de três Reis sucessivos: ElRei D. João III o fez Deão da sua capela, e Bispo do Porto, e seu Embaixador a Roma de obediência a Alexandre VI. ElRei Dom Manuel o fez Arcebispo de Braga, Capelão de sua segunda mulher; em todos estes cargos e funções, se houve de maneira que conseguiu merecidos créditos e aplausos universais. Sendo Bispo do Porto tresladou o corpo de São Pantaleão Mártir da Igreja de São Pedro de Miragaia; para a Catedral, com soleníssima procissão (como outro dia diremos). Sendo Arcebispo de Braga ilustrou aquela Cidade com obras tão úteis e suntuosas, que depois delas, parecia outra Cidade nova, com o mesmo nome. Ainda se esmerou mais na Igreja Catedral, e a pôs na grandeza e luzimento, que hoje tem: apenas há parte naquele grande corpo, a que não desse nova forma e nova perfeição. Dilatou-se a sua grandea a toda a Diocese, edificando em várias partes dela novos Conventos, ou reformando os antigos; ao mesmo tempo socorria as necessidades do pobres em mão liberalíssima. A expensas suas foi chamado de Flandes o famoso João Vazeu, para ensinar em Braga as humanidades, o qual depois ilustrou com seus escritos as histórias antigas de toda Espanha. Tantas e tão insignes obras, e muito mais as suas virtudes, o puseram em tão ata reputação, que era tido, sem controvérsia, pelo Prelado mais excelente que viu Portugal naquele século. Morreu neste dia [18 de Junho] com setenta e dois anos de idade, ano de 1532.![]() |
| Grades divisórias do Mosteiro de Santa Maria de Coz, em Alcobaça (Portugal). |
"Levante Pádua glorioso mausoléu às sagradas relíquias de António, e veja-se esculpida nas quatro fachadas dele a obediência dos quatro elementos sujeitos a seu império. A terra com os animais prostrados, o mar com os peixes ouvintes, o ar com as tempestades suspensas, o fogo com os incêndios parados. Pendurem-se nas pirâmides por troféus os despojos inumeráveis de sua beneficência, as bandeiras dos vencedores, as âncoras dos naufragantes, as cadeias dos captivos, as mortalhas do ressuscitados e dos enfermos de todas as enfermidades, os votos. Dispa-se a fama, para fazer cortinas a este sacrário, bordadas (como fazia a antiguidade) de olhos, de línguas e de orelhas; das orelhas com que deu ouvidos a tantos surdos, dos olhos com que restituiu a vista a tantos cegos, de línguas com que desimpediu a fala a tantos mudos. E por alma de todo este corpo milagroso, veja-se (como hoje se vê) e adore-se em custódia de cristal a mesma língua de António, depois da morte, viva; antes da ressurreição, ressuscitada; apesar da terra, incorrupta; apesar das cinzas, inteira; apesar da sepultura, imortal; e apesar dos tempos, eterna."
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| Pormenor da fachada do Convento em Braga (Portugal). |