No mesmo dia [23 de Fevereiro], num Sábado da Quaresma, ano de 1619 saindo algumas pessoas da Igreja Paroquial de nossa Senhora da Luz, da Cidade de Goa, para a parte de um monte, chamado a Boa Vista, onde de muitos anos estava arvorada uma Cruz, sem Imagem de Cristo Senhor nosso; viram nela uma figura do mesmo Senhor, na forma, em que se costuma representar Crucificado, e que, com movimentos de vivo, se voltava, e punha os olhos sobre a Cidade, como antigamente sobre a de Jerusalém. Pasmaram todos os que se acharam presentes, e prostrando-se por terra, desfeitos os corações em lágrimas, e ternuras, imploravam a Divina Misericórdia. Desapareceu a visão brevemente, e logo a Cruz foi levada para a dita Igreja, onde começou a ser tida em suma veneração, e tocando-a os Fieis enfermos, e aflitos começaram a receber grandes, e singulares mercês da mão de Deus. Qualificou-se este raro prodígio, por autoridade Ordinária, jurando como testemunhas de vista treze pessoas de boa reputação, e dignas de todo o crédito.
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