16 de jul. de 2019

O Pe. Fr. JOÃO DA SILVEIRA, Carmelita (17 de Julho)

Resultado de imagem para ordem do carmoNeste mesmo dia [17 de Julho], em uma Quinta-feira, ano de 1687 com mais de noventa e seis de idade, morreu no Convento de nossa senhora do Carmo de Lisboa, o insigne Padre Fr. João da Silveira, ilustríssimo ornamento da Religião Carmelitana, da Nação Portuguesa, do Orbe religioso, e literário. Foi natural da mesma Cidade, filho de Fernão Lopes Lisboa, e de sua mulher Catarina Fernandes. Depois de ler muitos anos Teologia, escreveu, e imprimiu dez tomos; seis de Exposição dos quatro Evangelhos, dois sobre o Apocalipse; um dos Actos dos Apóstolos; outro de vários opúsculos. Todos são doutos, e tão estimados na Europa Católica, que em todas as suas principais oficinas tem sido impressos muitas vezes. Também se imprimiram dois Sermões seus, um de Exéquias do Príncipe Dom Teodósio, outro da Canonização de Santa Maria Madalena de Pazi. Deixou M. S. um tomo da Encarnação, outro de Leis, outro de Filosofia, e um Tratado da Imunidade Eclesiástica. Não vinha a Lisboa pessoa de especial nota, ou de dentro, ou de fora do Reino, que logo não fosse ao Carmo, ver a um homem tão sábio, e egrégio como o Padre Silveira. Não o foi menos no exercício das virtudes. Não ofendeu a da Castidade em toda a sua vida. Na humildade foi raro; não quis ser Prelado; só por obediência aos seus Padres Gerais aceitou ser Presidente de três Capítulos Provinciais; e no Geral, que em Roma se celebrou no ano de 1660 o condecoraram com os privilégios de Padre da Província, e fizeram Definidor perpétuo da Ordem. Na pobreza foi tão singular, que tendo mil cruzados de renda cada ano, que lhe deixou sua irmã a Baronesa Dona Beatriz da Silveira, de quem já falamos em outra parte [5 de Fevereiro]; e recebendo grandes productos dos seus livros, tudo empregou em obras Santas, e sagradas do seu Convento, e se tratava como verdadeiro pobre, não tendo outras alfaias mais, que uma Cruz de pau, uma banca, uma cama, e duas cadeiras velhas. Ainda assim alguns furtos lhe fizeram da sua cela, quais foram levarem-lhe algumas vezes (pessoas graves que o visitavam) o tinteiro, e as penas, com que escrevia, como joias preciosas, dignas de imortal memória. Na sua sepultura se lê o seguinte epitáfio:

Siste Lector.
Hic Jacet
Carmeli doctissimus Doctor, 
Sapiens, & humilis,
Pauper, sed magnanimus.
PATER SYLVEIRA.
Libris incubens, Deo impensius
Studuit, scripsit, composuit:
Nil habens Litteris preciosius
praeter virtutem.
Nobis exempla, Lisiae decorem,
Famam aeternitati relinquens, 
Sictus vixerat, mortuus est
In osculo Domini:
Ne discedas, quin dicas
Requiescat in Pace.
Obiit 17. Julii, Anno 1687.

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