No mesmo dia [27 de Fevereiro], ano de 1295 lançou a primeira pedra ao nobilíssimo edifício do Real Mosteiro de Odivelas, de Religiosas de São Bernardo, assistindo naquele acto o Bispo de Lisboa, Dom João Martins de Soalhães, e o Cabido da Sé, e toda a Nobreza, que então se achava na Corte; cresceu a obra do Mosteiro com a pressa, e com a magnificência, que pediam o empenho, e a liberalidade de tão grande Rei. Está situado no vale de Odivelas, de que tomou o nome, e é uma das mais ilustres fábricas de Portugal. A Igreja é sumptuosíssima: compõem-se de três naves, e é tão comprida, que, dividida em duas partes, uma lhe serve de Coro com três ordens de cadeiras, capaz de duzentas Religiosas; a outra lhe serve de Igreja. Nela se celebram os Ofícios Divinos com singular pompa, e majestade, e com tanta melodia, e tão suave consonância de instrumentos, e vozes, que se representa, ser aquele Coro, um dos nove de Anjos; a Igreja se vê enriquecida com preciosos ornamentos, e os Altares cobertos de prata, e uma grande Custódia, toda de ouro esmaltada, e guarnecida de pedras preciosas, peça, que excede todo o valor. Fez ElRei Dom Dinis grandes doações a este Mosteiro, com a obrigação, de que as Religiosas dele, guardassem clausura perpétua, que até então as Religiosas não guardavam. Jazem neste Mosteiro, seu fundador ElRei Dom Dinis, em magnífica sepultura para a parte da Epístola: Seu neto o Infante Dom João, filho delRei Dom Afonso IV que está na Capela de São Pedro, para a mesma parte. Dona Maria, filha bastarda delRei Dom Dinis, Religiosa professa no mesma Convento, cuja sepultura se vê na parede do claustro, que respondo à Capela de São João Baptista: a senhora Dona Felipa, filha do Infante Dom Pedro, e da Infante Dona Isabel de Aragão, e neta delRei Dom João I vê-se a sua sepultura na Sacristia; no mesmo esteve também sepultada quinze meses, a Rainha Dona Felipa, mulher delRei Dom João I.
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