LICENÇAS
Do
SANTO OFÍCIO
SANTO OFÍCIO
Aprovação do M. R. Pe. Mestre Fr. Manuel Guilherme, da Sagrada Ordem dos Pregadores, Lente de Teologia, Qualificador do Santo Ofício, Examinador Sinodal, do Padroado Real, e das três Ordens Militares, etc.
Eminentíssimo Senhor
Obedecendo a Vossa Eminência, li o primeiro Tomo da obra intitulada: Anno Histórico, que compôs o Padre Mestre Francisco de Santa Maria, Cónego da Sagrada Congregação do Evangelista, Qualificador do Santo Ofício, e Cronista da sua Religião [ordem religiosa]. No tal livro não considero coisa contra a Fé, ou bons costumes; muito sim que admirar, invejar, e agradecer, nas deleitosas notícias, que nos recopilou, no belíssimo, puro, e desafectado estilo, com que as propõe, e sobre tudo na prudente indiferença, com que fala nas matérias questionadas. Por não dizer muito, recopilo quanto quisera dizer, que me aprece que foi força de especial Providência empreender este doutro Mestre semelhante método de escrever, para que de feliz Cronista da sua Religião, o fosse de todas as Religiões, e de toda a Monarquia Portuguesa. S. Domingos de Lisboa 24 de Março de 1713.
Fr. Manuel Guilherme
Aprovação do M. R. Pe. Mestre Fr. José de Sousa, Provincial da Sagrada Ordem do Monte Carmelo, Lente de Filosofia, e Teologia, Qualificador do Santo Ofício, etc.
Eminentíssimo Senhor
Por mandado de V. Eminência revi o livro intitulado Anno Histórico, Diário Portuguez, que compôs o Rev. Pe. Mestre Francisco de Santa Maria, Geral da Sagrada Congregação do Evangelista, e Cronista da sua Religião, e logo que li o nome do Autor, o considerei digno das aprovações, com que saíram à luz os mais, que o seu segundo engelho produziu; porque não podia ser parto pequeno o de um talento tão notoriamente crescido, como igual nas suas obras, e de quem podemos dizer, o que da famosa Roma escreveu Cassiodoro: tot annis continuis simul splendet cariate virtutis, et quamnis rara sit gloria, non agnoseitur, intam longo stemmate, variata; seculis producit nobilis vena primários; nescit inde aliquid nasci medíocre.
É o tal livro deleitável nas notícias, que refere com sinceridade, e sem afectação, recompilando as que com grande trabalho se podem desentranhar de muitos volumes, e as que talvez jaziam sepultadas no esquecimento. É glorioso na sua matéria sem nota de vulgaridades, pois oferece aos olhos do mundo uma breve, e nobilíssima perspetiva de seus Heróis, de suas proezas, de suas maravilhas; senão para o exemplo, que quase inimitáveis, fim para admiração por quase inacessíveis. É elevado sem jactância, pelas altíssimas reflexões, que com preciosíssimas pedras, nos descobre engastadas no finíssimo ouro de suas notícias, que podem ser recreação para os doutos, doutrina para os devotos, documentos para os políticos. É finalmente o livro, em tudo, legítimo filho, e será glória imortal do venturoso engenho que o produziu, por que em cada dia, dos que conta, dará à posteridade quotidianas notícias da sua excelência. Nada tem, que encontre a nossa Fé, ou bons costumes, e assim o julgo digno de imprimir-se. Carmo de Lisboa a 3 de Abril de 1713.
Fr. José de Sousa
Pode reimprimir-se o primeiro tomo do Anno Histórico, composto pelo Padre Mestre Francisco de Santa Maria, com o acrescentamento das notícias que se lhe juntaram, e depois de impresso tornará conferido para se dar licença que corra, sem a qual não correrá. Lisboa 23, de Outubro de 1742.
Fr. R. de Lencastre; Teixeira; Silva; Soares; Abreu; Amaral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário