Luís Alvares de Andrade, nasceu em Lisboa de pais humildes, mas virtuosos: Aprendeu a arte de Pintura, que exercitou, mais em obséquio da devoção, que no interesse; assistia muito ao Venerável Padre Frei Luís de Granada, e como Pintor de uma nova arte, soube copiar em si as perfeições de tão excelente original: contínuas orações, e devoções, sobre ásperas penitências, eram o perene exercício de sua vida: foi devotíssimo das Almas do Purgatório, e para renovar nos vivos a sua lembrança delineou aquela pintura, hoje vulgar, em que as Almas se representam entre chamas com as mãos levantadas, em acção de pedirem os sufrágios dos fieis, e fez grande número destes retratos, que mandou colocar nos lugares mais públicos das principais povoações do Reino; e por outros muitos modos as socorria, sem perdoar a trabalho, nem a dispendio, e procurava, que todos as socorressem: a mesma caridade exercitava com os pobres: também por ele se introduziu em Lisboa, e logo em todo Portugal, e seus domínios, a procissão, a que chamamos dos Passos, invento, que só bastava, a lhe dar imortal nome; Prenda, e dádiva foi a sua devotíssima Imagem, que vai na mesma Procissão: provou-lhe Deus a paciência com uma grave enfermidade, que no espaço de quatorze anos, o martirizou com excessivas dores, sofridas, porém, com admirável paciência, e resignação; até que neste dia [3 de Abril], ano de 1631 entre suavíssimos colóquios com Cristo crucificado, passou a melhor vida. Jaz no Cruzeiro da Igreja de São Roque.
Nenhum comentário:
Postar um comentário