28 de abr. de 2018

O Venerável Fr. GASPAR DO ESPÍRITO SANTO (29 de Abril)

Igreja da Imaculada Conceição (Covilhã), antiga igreja conventual da ordem franciscana.
Nasceu o Venerável Frei Gaspar do Espírito Santo, de pais humildes, e uma Aldeia; a pouca distância da Vila do Amarante; Recebeu, na de Covilhã, o hábito de Leigo da Religião Seráfica, e desde aquele ponto renunciou para sempre as posses, e esperanças, e ainda as memória das vaidades: Oração, e mortificação começaram a ser os dois pólos da sua vida, e deles nunca mais saiu; era tão observante do silêncio, como perene no trabalho. Na longa carteira de anos, que o levaram à última velhice, rara  vez o viu alguém sentado, nunca ocioso: Em pé tomava o sono muitas vezes, porque as chamas, que lhe ardiam no coração, o traziam em uma roda viva, já de exercícios de devoção para com Deus, já de empregos de caridade para com os próximos, sendo homem simples, e sem letras, aprendeu na escola da Oração tão altos documentos da vida mística, que metia em admirações aos mais sábios. Amou, com extremo igualmente grande, a pobreza, e os pobres; Para si, nada queria, para eles, tudo: Por muitos tempos, nem Cela teve no dormitório comum, contentando-se alegremente com uma casinha térrea junto da portaria, que foi o mais ilustre teatro  da sua caridade: Ali eram as suas delícias, tratar com mão tão liberal, que abrangia a todos, por maior que fosse a multidão; não havia quem duvidasse, que andava ali o dedo de Deus; com o pão material, lhe ministrava o da doutrina, ensinando os mais rudes, e aos meninos, as verdades da Fé, dirigindo-os ao amor, e temor da Divina Majestade. Foi insigne na paciência, e sofrimento das misérias, e tribulações desta vida, as quais aceitava como mimo superior: Padeceu grandes dores por causa de uma chaga, e lhe chegaram a cortar a carne em pedaços, por se evitar a corrupção, sem já mais se lhe ouvir o mínimo sinal de menos conformidade. A tolerância das aflicções, e das dores, era igual a que mostrava nas injúrias, que costumam afligir, e doer muito mais; talvez lhe fizeram algumas alguns homens desalmados, mas acharam nele iguais a alegria, e a benevolência, a mansidão, no semblante, nas palavras, nas acções. A voz universal de pequenos, e grandes, e ainda dos Príncipes, e Rei lhe chamava o Porteiro Santo, ou o Santo Frei Gaspar; porém quanto se agradava dos desprezos, tanto fugia a semelhantes louvores, sepultado sempre no abismo do seu nada. Em longa velhice, cheio de boas obras, faleceu santamente neste dia, no seu Convento de São Francisco de Lisboa, ano de 1648. Concorreu ao seu enterro infinita multidão de gente de toda a idade, e qualidade, e se tiveram por venturosos os que participaram alguma parte das suas relíquias, com que experimentaram maravilhosos efeitos.

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