3 de mar. de 2019

O Infante D. FERNANDO, filho delRei D. SANCHO I. (4 de Março)

O Infante Dom Fernando, filho II dos Reis de Portugal Dom Sancho I e Dona Dulce, foi um dos valerosos Capitães do seu tempo. Casou com Joana filha de Balduino, Imperador de Constantinopla, e senhora proprietária dos Estados de Flandes. Nas guerras (que então ardiam) entre França, e Inglaterra, se declarou contra França, e foi um dos primeiros Generais na batalha de Bovinas, na qual governava a ala direita, e Reginaldo, Conde de Bolonha, a esquerda; da parte contrária, se achava Felipe Augusto Rei de França, e o Duque de Borgonha: disputou-se a batalha com grande ardor, e ficou pelos Franceses a vitória, e o nosso Infante prisioneiro, havendo obrado tais proezas, que os seus mesmo inimigos as admiraram então, e escreveram depois. Foi levado a Paris, onde ElRei Felipe o teve em prisão muitos anos. Conseguiu liberdade em tempo de São Luís, por mediação da Rainha Dona Branca, mãe do mesmo Santo, ao qual não foi inútil esta generosidade: porque na rebelião, e guerras, que contra ele (sendo ainda menino) moveu Felipe, Conde de Bolonha, o nosso Infante saiu em sua defensa, com poderosa mão, e fez tantas hostilidades, nos estados do Conde, e lhe conquistou tantas Praças, que o constrangeu a reconhecer os seus erros, e a pedir perdão deles, rendido aos pés delRei. Teve depois guerra com Henrique, Duque de Barbante, e vindo a batalha, o venceu, e levou preso a Flandes. Passou, depois, a compor grandes turbulências, que ferviam no Condado de Namur, excitadas por Henrique de Luxemburg, onde ganhou muitas Praças por assalto, muitas por sítio, e assim reduziu à sujeição antiga todo aquele País. Não só foi famoso, e insigne nas operações da guerra, se não também nas direções do Estado, de que deu ilustríssimas provas em repetidas, e apertadas ocasiões. Faleceu em Noien neste dia [4 de Março], ano de 1233. Teve da Condessa sua mulher uma só filha, que durou pouco, e passaram os Estados de Flandes a outra irmã da mesma Condessa. Veja-se o que se diz no prólogo do segundo tomo núm. 8.

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