Dom Diogo de Sousa, foi filho de João Rodrigues de Vasconcelos, Senhor de Figueiró, e de D. Branca da Silva, filha de Rui Gomes da Silva, Alcaide Mór de Campo Maior, fidalgos da mais selecta nobreza em Portugal. Estudou neste Reino as primeiras letras, e em Paris e Salamanca as ciências maiores, e saiu insigne Letrado. Logrou as estimações de três Reis sucessivos: ElRei D. João III o fez Deão da sua capela, e Bispo do Porto, e seu Embaixador a Roma de obediência a Alexandre VI. ElRei Dom Manuel o fez Arcebispo de Braga, Capelão de sua segunda mulher; em todos estes cargos e funções, se houve de maneira que conseguiu merecidos créditos e aplausos universais. Sendo Bispo do Porto tresladou o corpo de São Pantaleão Mártir da Igreja de São Pedro de Miragaia; para a Catedral, com soleníssima procissão (como outro dia diremos). Sendo Arcebispo de Braga ilustrou aquela Cidade com obras tão úteis e suntuosas, que depois delas, parecia outra Cidade nova, com o mesmo nome. Ainda se esmerou mais na Igreja Catedral, e a pôs na grandeza e luzimento, que hoje tem: apenas há parte naquele grande corpo, a que não desse nova forma e nova perfeição. Dilatou-se a sua grandea a toda a Diocese, edificando em várias partes dela novos Conventos, ou reformando os antigos; ao mesmo tempo socorria as necessidades do pobres em mão liberalíssima. A expensas suas foi chamado de Flandes o famoso João Vazeu, para ensinar em Braga as humanidades, o qual depois ilustrou com seus escritos as histórias antigas de toda Espanha. Tantas e tão insignes obras, e muito mais as suas virtudes, o puseram em tão ata reputação, que era tido, sem controvérsia, pelo Prelado mais excelente que viu Portugal naquele século. Morreu neste dia [18 de Junho] com setenta e dois anos de idade, ano de 1532.
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