Foi o Arcebispo Dom Lourenço natural da Vila de Lourinhã no Arcebispado de Lisboa: O desejo de saber o tirou da Pátria, e levou a Reinos estranhos, a fim de ouvir os grandes Mestres, que neles floresciam por aquele tempo. Correu as Universidades de Mompelhes, a Toloza, e Paris, e passando a Itália foi discípulos do famoso Baldo, e saiu digno discípulo de tão grande Mestre. Voltando a Portugal, foi eleito Arcebispo de Braga, e nesta dignidade resplandeceram singularmente as suas letras, e talento. ele foi o que persuadiu a ElRei Dom Fernando, que seguisse as partes do verdadeiro Pontífice, Urbano VI na grande Cisma, que por aqueles tempos tanto afligiu a Cristandade; ele foi o que nas revoluções no Reino, sucedidas por morte do mesmo Rei, seguiu as partes do Mestre de Avis, e foi um dos primeiros, e principais Portugueses, que os aclamaram em Coimbra, e com tanto fervor se empenhou em levar aquela grande empresa ao desejado fim, que, em grande parte, lhe ficou devendo, ElRei a Coroa, o reino a liberdade. Na memorável batalha de Aljubarrota, pelejou com insigne valor, e saiu ferido na face, de que lhe ficou um grande sinal, que ele prezava muito, como prova visível, de que havia exposto a vida, e derramado o sangue em obséquio da Pátria. Em todas as relevantes ocorrências daqueles tempos foi sempre o seu conselho, e o seu braço, a mais acertada direcção, a execução mais pronta. ElRei dizia, que o Condestável Dom Nuno Álvares e o Arcebispo Dom Lourenço eram os seus dois olhos.
Os empregos tocantes ao comum, não lhe impediam os particulares da sua dignidade. Atendeu com grande vigilância ao bom governo do seu rebanho: Enriqueceu a sua Sé com preciosos ornamentos: Socorria com grossas esmolas aos pobres, e cheio de boas obras, coroado de heroicas acções faleceu neste dia [28 de Abril], ano de 1397. Jaz na Catedral de Braga, em Capela particular, e em nossos tempos foi achado incorrupto, como outro dia diremos.
Interior da Catedral de Braga. |
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