22 de jun. de 2019
20 de jun. de 2019
Sto. INOCÊNCIO, Bispo e Confessor (21 de Junho)
19 de jun. de 2019
PAULO CONCORDIENSE (20 de Junho)
Em Concórdia, Cidade da Antiga Lusitânia (hoje Beselga na Comarca de Torres novas) passou a melhor vida, o famoso Paulo Presbítero, chamado Concordiense, da pátria onde nascera. Foi Varão igualmente santo, e douto: o grande Padre São Jerónimo se correspondia com ele, e lhe dedicou a vida de S. Paulo, primeiro Ermitão, achando singular consonância, entre um, e outro, nos nomes, e nas virtudes. Faleceu o nosso neste dia [20 de Junho], ano de 418.
18 de jun. de 2019
O GRANDE PEDRO BARBOSA (19 de Junho)
O grande Pedro Barbosa, natural de Viana do Minho, famosíssimo Doutor em Leis, cuja Cadeira de Prima leu na Universidade de Coimbra muitos anos: foi Desembargador do Paço em tempo dos Reis Dom Sebastião, e Dom Henrique, e Chanceler mor do Reino: Felipe II o levou para Castela, e o fez Ministro do Conselho de Portugal naquela Côrte: compôs doutíssimos volumes sobre o Direito Civil: deles se lembra o Padre Teófilo Rainaldo nas suas Tábuas Cronológicas, como de insigne Jurisconsulto, e o foi dos maiores, que houve na Cristandade, e lhe chamavam o segundo Papiniano. Faleceu em Lisboa neste dia [19 de Junho], ano de 1606. Jaz no Convento de S. Roque.
17 de jun. de 2019
Fr. ANTÓNIO DA MADRE DE DEUS (18 de Junho)
Frei António da Madre de Deus, Religioso da Sagrada Ordem dos Eremitas de São Paulo, natural de Lisboa, Varão doutíssimo nas Divinas letras, famoso Prégador, e insigne Escriturário, e também excelente Jurista: Compôs três tomos com o título de Apis Libani; grandes no volume, maiores no espírito, porque são um rico tesouro de elegantes Conceitos, e de engenhosas agudezas. Morreu neste dia [18 de Junho], ano de 1696.
16 de jun. de 2019
SÃO AVITO, Confessor (17 de Junho)
Santo Avito, Português, natural de Braga, ilustríssimo em sangue: foi mui douto nas línguas Latina, e Grega, e nas Sagradas Letras. Passou a Jerusalém, onde se achava, ao tempo da miraculosa Invenção do corpo do glorioso Protomártir Santo Estevão, cujo sucesso escreveu na língua Latina, e o participou às Igrejas da Cristandade. Teve com o Doutor Máximo São Jerónimo estreita correspondênia; a mesma com o Santo Paulo Osório, seu patrício. Sucedeu sua morte em Jerusalém neste dia [17 de Junho], pelos anos de 440.
15 de jun. de 2019
D. PEDRO MASCARENHAS (16 de Junho)
Dom Pedro Mascarenhas, um dos grandes heróis deste nobilíssimo apelido, foi filho de Fernão Mascarenhas, Capitão dos Cinetes, e General das Galés, Estribeiro mor delRei Dom João III. Serviu de menino à Rainha Dona Leonor mulher delRei Dom João II. Depois passou a África a empregar os brios de mancebo, na guerra contra os Mouros. ElRei Dom Manoel o fez, pouco depois, General das Galés, que então corriam a Costa, e guardavam o Estreito; nelas acompanhou a Senhora Infante Dona Brites na jornada de Saboia. Achou-se na conquista de Tunes com o Infante Dom Luiz. Foi por Embaixador delRei Dom João III ao Imperador Carlos V e fazendo jornada por França lhe mandou o seu Rei por um Gentil homem da sua câmara cinco mil dobras de ouro; e não as aceitando, lhe disse o Gentil homem que as levava: "Senhor, não me atrevo a aparecer com elas perante ElRei meu senhor?" E Dom Pedro lhe respondeu: "Pois, senhor, tomai-as para vós". Na função da embaixada se houve em Alemanha com tão prudentes atenções, que o Imperador se lhe afeiçoou por extremo, e lhe chegou a expressar, que seria muito do seu agrado, se quisesse ser Aio de seu filho, o Príncipe Dom Filipe; ao que o generoso Português respondeu estas memoráveis palavras: "Senhor, na minha terra não costumam mudar de amo os homens da minha qualidade". Por este tempo lhe chegou notícia, de que era nascido em Portugal, o Príncipe D. Manoel, filho delRei Dom João III e logo rompeu em grandes demonstrações de aplauso, e magnificência nunca vista. Deu um banquete ao imperador, com tantos realces de grandeza, e profusão, que até foi precioso o fogo, e o fumo da cozinha: porque toda a lenha, que nela ardeu, e com que se guisaram os manjares, foi de canela fina de Ceilão. ElRei lhe encomendou segunda embaixada, que fez a Roma, com igual esplendor, e luzimento. Na volta, trouxe consigo a S. Francisco Xavier, e nele uma nova admiração do Ocaso, um novo Sol do Oriente. Não havia emprego grande, que ElRei não fiasse de Dom Pedro; fê-lo seu Estribeiro mór, e Mordomo mor do Príncipe Dom João seu filho; e parecendo-lhe, que o Estado da Índia necessitava de um homem tão grande, o nomeou Vice-Rei, e procurando escusar-se, por se achar com mais de setenta anos de idade, lhe disse o Infante Dom Luiz: "Desenganai-vos, Dom Pedro, que um de nós esta vez há de ir à Índia, ou vós, ou eu, se vós não fores irei eu". Depois de resistir quanto pôde, sujeitou-se como fiel vassalo às resoluções Reais. Quando se embarcou, ElRei o acompanhou até a praia, e o Infante Dom Luiz, e a maior parte da Fidalguia até bordo. Foi felicíssimo o seu governo, posto que breve; em seu tempo deu, e tirou Coroas, e conservou, entre os Príncipes da Ásia, o nome, e domínio Português, em suma reputação. Foi muito amante da Justiça, e se prezava de repartir os prémios com igualdade, sem atenção a respeitos particulares. Mandou fazer rol de todos os ofícios, e empregos, que estavam vagos, e fez por edital, e lançar bando, que todos os que tinham servido acudissem com seus papeis para serem despachados, como fez logo, sem dar cargo, nem ofício a algum criado seu. Requerendo-lhe certo soldado (de mais valias, que valor) que o despachasse, por se achava com três anos de serviço, lhe respondeu: "Ando agora despachando os que tem vinte, e os que tem dezanove, como chegar aos de três, então me lembrareis de vós". Visitando as presos, foi trazido perante ele um homem com um grilhão nos pés: perguntou-lhe porque estava preso com tanto rigor, respondeu, que por dever a ElRei certa quanta de dinheiro; mas que os Ministros da fazenda Real lhe não queriam descontar outra maior, que ElRei lhe devia a ele, e querem que eu pague a ElRei com ouro, pagando-me a mim com ferro. Inteirado o Vice-Rei, de que falava verdade, se voltou para o Veador da fazenda, dizendo: "Aquele grilhão, eu, e vós, é o que merecemos, pois somos oficiais delRei, e não queremos pagar as suas dívidas". E logo mandou, que se ajustasse a conta do preso, descontando-lhe quanto ElRei lhe devia. Por este modo se portava em todos os negócios, sempre com grande prudência, e rectidão, e com igual discrição, e aviso. Faleceu em Goa neste dia [16 de Junho], ano de 1555 com os gloriosos epítetos de valeroso Cavaleiro, prudente Capitão, bizarro Embaixador, singular Aio, justo Vice-Rei, bom Cristão. Foram seus ossos trasladados para o Convento de S. Francisco da Vila de Alcácer do Sal, onde havia escolhido sepultura para si, e para os sucessores do Morgado da Palma, que ele instituiu, e por sua morte por a seu sobrinho, o famoso D. João Mascarenhas.
14 de jun. de 2019
ROUBO SACRÍLEGO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO EM COIMBRA (15 de Junho)
Igreja do Corpo de Deus, posteriormente Igreja N. Sra. da Vitória, Coimbra (Portugal) |
Sobre o assunto, ler artigo ASCENDENS: SACRILÉGIO DE COIMBRA (ano de 1362), etc. etc....
13 de jun. de 2019
É JURADA A CONCEIÇÃO DA SENHORA NA CIDADE DE BRAGA (14 de Junho)
Santuário de N. Sra. do Sameiro, Braga |
Neste dia de 1637 foi jurada a Conceição da Virgem MARIA pelo Sínodo que se celebrava na Santa Sé da Cidade de Braga, que é a segunda Igreja, que se dedicou à mesma Senhora, ainda viva; sendo congregado, e presidido pelo seu Arcebispo Primaz, Dom Sebastião de Matos, na forma seguinte: Prometemos, e juramos todos os que neste Sínodo estamos congregados em nossos nomes, e de nossos Sucessores, de sempre termos, e guardarmos, e defender-mos, que a Virgem MARIA nossa Senhora foi concebida sem mácula de pecado original, na forma das Constituição, e Breves Apostólicos passados sobre esta matéria. O mesmo juramento se tinha também feito no Sínodo, que se celebrou no Bispado da Guarda no ano de 1634.
12 de jun. de 2019
SANTO ANTÓNIO, Confessor (13 de Junho)
Sto. António de Lisboa (fonte) |
Neste dia [13 de Junho], ano de 1231 chegou em Pádua ao seu ocaso, o Sol nascido em Lisboa, abreviando no seu curso de trinta e seis anos, acções e maravilhas, que não cabem em muitos séculos. Na primeira idade, se criou debaixo da tutela, e à sombra da Mãe de Deus , e mereceu receber da celestial Princesa, como filho, amorosos favores, como aluno, altíssmas direcções. Fugindo das tempestades da vida secular, se acolheu ao porto da Religião, e recebeu o hábito no Real Convento de São Vicente de Lisboa. Mas desejando apertar mais consigo, e apartar-se mais dos seus, se transferiu para Santa Cruz de Coimbra, Conventos insignes, um, e outro, da Sagrada Congregação dos Cónegos Regulares de Santo Agostinho em Portugal; em um, e outro, lançou os profundos alicerces ao alto edifício de santidade, que depois havia de encher o mundo de exemplos, e de admirações. Passados alguns anos, entraram por Coimbra as sagradas relíquias dos cinco Mártires da Religião Seráfica, que em Marrocos haviam padecido, pouco antes, glorioso martírio. Ainda respiravam aquelas cinzas incêndios, e sendo corpos desanimados, influíram em Santo António (Fernando se chamava então) tais ardores, que mudando de nome, e de profissão, se passou à Sagrada Ordem de São Francisco. Fervorosas ânsias de Sacrificar a vida, em obséquio da Fé, o levavam a África, e uma perigosa tempestade, sobre uma perigosa doença, o fizeram arribar a Sicília; mas nem por isso deixou de merecer, quanto era da sua parte, a coroa de Mártir, fazendo-o Mártir no desejo, o ardentíssimo desejo do Martírio. Passou à Cidade de Assis, a ver o seu Santo Patriarca, e viu nele um novo, e claríssimo espelho de todas as virtudes. Revia-se também amoroso Pai, no já amado filho; porque divisava, e previa nele, por entre as sombras da humildade, preciosíssimos talentos de santidade, e sabedoria, aprendidas ambas em escola superior. Mandou-lhe que lesse Teologia, e foi o primeiro, que na sua Religião dictou aquela Rainha de todas as ciências, em grande glória sua, e também de Portugal; porque sendo tantas, e e tão esclarecidas, as estrelas, que resplandeceram em todos os tempos, no Céu daquela sapientíssima Religião, foi o nosso Português Santo António, o Sol, que precedeu, e presidiu a todas. Ao mesmo tempo começou a prégar, e começou a converter, e admirar o mundo. Era imponderável o trabalho, e fervor, com que se aplicava a servir, e a merecer. Estudava, e ao mesmo tempo compunha, dictava da Cadeira, prégava do Púlpito, assistia no Cofesssionário, acudia ao Coro, e às outras ocupações domésticas, e discorria de uns lugares a outros, em serviço da Fé, em obséquio da Caridade. Esta foi, sem dúvida, a razão, porque logrou a grande prerrogativa, de assistir ao mesmo tempo, em lugares diversos, e distantes, como muitas vezes lhe sucedeu. Eram as suas obras muito do agrado do Senhor, e para que multiplicasse as obras, o multiplicava, e reproduzia o Senhor em muitas partes. Concorriam Cidades inteiras a ouvir os seus Sermões; ainda nos dias de trabalho, se fechavam as oficinas, como se fosse dia Santo: Não cabiam os ouvintes nas Igrejas, e apenas cabiam no campos: passavam muitas vezes de trinta mil. Acompanhava a torrente das palavras, com outra de maravilhas. A sua voz era percebida de todo o Auditório, sendo, que pela multidão, ficavam muitos em tanta distância, que não podia lá chegar naturalmente. Eram os ouvintes de Nações, e línguas diversas, e prégando o santo em uma só, todos o entendiam na sua. Por vezes, fez, que os brutos arguissem de mais brutos, a muitos racionais, já prostrando-se a adorar o Sacramento, já unindo-se a ouvir a palavra de Deus. Com os exemplos da sua vida, eram também sem número as conversões. Nos hereges achava maior resistência, como gente mais cheia de presunção. Mas a golpes de eficazes razões, solidamente fundadas na Escritura, os batia, e abatia de modo, que, ou se rendiam obedientes à verdade, ou se retiravam cheios de confusão; por esta causa foi chamado o Martelo dos hereges. Teve também suas contentas domésticas, e não menos perigosas; mas é virtude heroica zelar sobre a casa de Deus. Era Geral da Ordem Frei Elias, sucessor do Seráfico Patriarca, porém não do seu espírito: tentou relaxar em algumas coisas, o rigor primitivo da Santa Regra. Havia por aquele tempo (como sempre_ gravíssimos Varões na Religião dos Menores, mas não havia entre eles, quem saísse a campo em defensa da sua Religião. Tomou Santo António sobre si, esta grave empresa: o Geral era Elias no nome, ela o era no espírito; mas temperando os ardores do zelo, com os dictames da prudência, e da humildade, se ouve de maneira, que sem ofender as obrigações de súbdito, ficaram em seu vigor as leis. Prosseguia na cultura das almas, e não cessava de as encaminhar por todos os modos, ao fim da perfeição: Quando não prégava, escrevia, admirável igualmente, língua, e na pena. Era versadíssimo nas sagradas letras, tão estudioso delas, que sabia toda a Escritura de cór, e como Santo, enfim, por todos os títulos, de felicíssima memória. Foi o primeiro, que deu no utilíssim invento das concordâncias, e fez umas, que correm impressas de textos para diversos assuntos. Compôs Sermões de Santos, e de todas as Domingas, e outros muitos devotíssimos tratados, sobre diversas matérias. Foi, enfim, um Oráculo de celestial sabedoria, aprendida na escola da Oração. Ouvindo-o prégar o Papa Gregório IV lhe chamou Tesouro das letras sagradas, e Arca de Testamento. Recebia cada hora, este terníssimo Português. favores também terníssimos do Céu. Baste, para exemplo, aquele caso singular, quando o mesmo Deus feito homem, em forma de Menino, veio colocar-se em seus braços, reclinar-se em seu peito. Se nos Anjos pudesse haver inveja, invejariam sem dúvida, tão grande felicidade. Nem eles sabem compreender a torrente de de´líias, e carícias, que bebeu em tão doces laços, em abraços tão suaves, aquele amoroso, e ditoso coração. Coroado de tão insignes merecimentos, recreado com tão celestiais soberanos favores, prevendo o dia da sua morte, e prevenido para ela com os Santos Sacramentos, entre docílissimas saudades, ardentes, e amorosas jaculatórias, passou da vida mortal à eterna, neste dia [13 de Junho] ano de 1231 tendo de idade trinta e seis, menos dois meses, e dois dias; dos quais viveu os primeiros quinze em casa de seus Pais; dois no Convento de São Vicente de Lisboa; oito, e alguns meses, em Santa Cruz de Coimbra: Dez, com mais sete meses, na Religião de São Francisco. Quiseram os Frades encobrir a sua morte, receando tumultos; mas os meninos da Cidade de Pádua guiados de impulso superior, saíram clamando pelas ruas, e dizendo, que era morto o Santo; como a tal o tratou, e venerou toda a Cidade, e foi levado em Procissão soleníssima com festas, e músicas alegres, à sepultura, que lhe deram em uma arca de pedra, que naquele dia foi descoberta (como preparada pelo Céu) com admiração universal; porque se achou ser obra dos Santos Mártires, a que a Igreja chama, os quatro Coroados; os quais foram insignes escultores, e por não quererem fazer estátuas de Ídolos, padeceram Martírio. Neste venerável, e estimável sobre, foi depositado o milagroso Cadáver. É Santo António um dos mais famosos, e milagrosos Santos da Igreja. Em toda a Cristandade, apenas se achará Templo, sem Capela sua própria, ou ao menos, sem imagem sua. Em Roma, lhe tem tanta devoção, que em seu dia, a maior parte dos moradores, indo ao Convento de Ara Caeli visitar a sua Imagem, e invocar a sua proteção, sobem de joelhos a escada do mesmo Convento, sendo esta de cento e vinte e oito degraus. Em toda Itália é chamado, por antonomásia, o Santo: outros acrescentam: O Santo dos milagres; e eu acrescentara: O milagre dos Santos: porque tantas acções tão sublimes, tantas virtudes tão heroicas, tão raras, e tão esquisitas maravilhas, sem dúvida o repõem em Classe eminente, em esfera superior.
11 de jun. de 2019
O BEATO Fr. JOÃO GUARIM (12 de Junho)
O Beato Frei João Guarim, Português: sobre muitos anos de áspera penitência, que fez em uma cova, onde se sepultou vivo, caiu em pecado da carne, ao qual acrescentou o de homicídio, dando a morte à cúmplice na culpa: raro exemplo da fragilidade dos homens! Mas voltando em si, e reconhecendo os seus erros, os soube pagar, e apagar com extraordinárias penitências, com lágrimas perenes. Afirma-se, que andou muitos tempos discorrendo por várias terras, sostido em pés, e mãos, como bruto, sem atrever-se em levantar os olhos ao Céu, até que soube por modo miraculoso, que estavam perdoadas suas culpas. Seus ossos se guardam em um rico cofre, com grande veneração no célebre Convento de Guadalupe.
10 de jun. de 2019
Fr. ANDRÉ DA ÍNSUA (11 de Junho)
Frei André da Ínsua, natural da Cidade de Lisboa, deixando a mercancia em que seus pais o criava, tomou neste dia do ano de 1521 o hábito de São Francisco, no Oratório de Nossa Senhora da Ínsua, plantado no meio da barra do rio Minha, onde aprendeu a ser pobre, para ser verdadeiro, e ternamente rico no Céu. Depois de ser Custódio, e Provincial da Província dis Algarves, foi eleito no ano de 1547 com 41 de idade, Ministro Geral de toda a Ordem Seráfica, sendo o segundo Português, e cinquenta e um daquela digidade, que governou louvavelmente, atraindo os corações do súditos, com o exemplo de suas virtudes, especialmente as da compaixão, e afabilidade, em que foi insigne. Faleceu na Cidade de Osma neste dia [11 de Junho], ano de 1571.
9 de jun. de 2019
FREI ANSELMO XUQUER (10 de Junho)
Frei Anselmo Xuquer, natural de Lisboa, Poeta, e Humanista insigne: passou a Alemanha, onde conheceu Alexandre Sétimo, então Legado naquelas partes, que lhe foi afeiçoadíssimo, e lhe fez grandes instâncias pelo levar consigo a Roma, por haver conhecido os seu talento, e virtude. Compôs de Partu Virginis doze livros de verso heroico Latino: um de Enigmas com suas explicações, e outras obras, que se conservam no Real Convento de Tomar, da Ordem de Cristo, cujo Instituto professou: sucedeu sua morte no mesmo Convento, neste dia [10 de Junho], ano de 1662 com mais de noventa de idade.
8 de jun. de 2019
INCÊNDIO NA IGREJA DE S. FRANCISCO DE LISBOA (9 de Junho)
Antigo Convento de S. Francisco da Cidade, antes do terremoto (painel de azulejos). |
7 de jun. de 2019
O Pe. MANOEL DE ELVAS (8 de Junho)
O Padre Manoel de Elvas, Cónego secular da Congregação de S. João Evangelista, nasceu em Lisboa, onde se graduou Doutor em ambos direitos, e voltando para Portugal se fez Sacerdote, e foi logo privado em uma grande Abadia no Arcebispado de Braga. Nela residia como perfeito pastor, porque assentava este caro sobre os dois sólidos fundamentos, que tinha de Letrado, e virtuoso. Acabou de cear uma noite com um irmão seu mais moço, que levara para a mesma residência; e depois recolhendo-se cada um para o seu aposento, alta noite acordou o Abade, e ouviu sentidas vozes de seu irmão. Levantou-se sobressaltado, achou as casas às escuras fora do costumado, tentou as portas, e janelas, e achou que tudo estava fechado: chamou pelo irmão, e não lhe respondeu, chamou os criados, ascenderam luz, e com elas entrou no aposento de seu irmão, e achou os vestidos junto da cama, mas o irmão não aparecia. Não houve parte, nem recanto nas casas altas, e inferiores, que senão visse: as portas, as janelas, os postigos tudo fechado por dentro, o tecto, e pavimento das casas sem rotura: tudo isto via com evidência; faltava, sendo os seus mesmos olhos testemunhas juntamente de que era impossível a saída, e de que havia saído. Em sendo dia, procurou-se pelo circuito da casa, e pelos lugares vizinhos, pela Província, pelo Reino todo, e ainda pelos estranhos, sem já mais se poder descobrir nem rastro, nem notícia de tal homem. Entendeu-se, que em corpo, e alma fora chamado a juízo, e levado por impulso, e braço superior. Foi tal o pasmo, e sentimento do Abade, que nunca mais o viram rir em sua vida. Tratou de renunciar a Abadia, repartiu em esmolas o que tinha, e sem dar conta a pessoa alguma da sua resolução, caminhou a pé para Vilar de Frades a pedir ser, como foi, admitido ao grémio da Congregação dos Cónegos seculares. Na observância dos seus Estatutos, na frequência do Coro, nos exercícios da humildade, e caridade, nenhum era, nem mais fervoroso, nem primeiro. Teve grande dom de lágrimas, e muito alta, e contínua oração, porque ainda quanto tratava com os homens, não se apartava de Deus. Foi insigne mestre de espírito, e ilustrava juntamente a justos, e a pecadores. mostrando a estes o caminho da verdadeira penitência, àqueles o da maior perfeição. Estas heroicas virtudes atraíram a si, naqueles tempos, os olhos de toda a Congregação; a qual o colocou em diferentes Reitorias, e três vezes o elegeu Geral; e nestes cargos [como em lugar mais alto] se descobriu melhor o preço do seu talento. Sendo Reitor de Santo Eloy de Lisboa ordenou à instância do Cardeal Infante Dom Afonso, de quem era Confessor, o primeiro ofício das Horas Menores de Nossa Senhora, que se imprimiu neste Reino, como consta da primeira folha dele. Quando foi a primeira vez Geral, sucedeu furtarem da Casa de São Bento de Xabregas uma Cruz de ouro, que dera ElRei Dom Afonso V e fazendo as justiças esquisitas diligências por especial recomendação delRei Dom Manoel todas foram sem efeito; pelo que andavam tristíssimos todos os Cónegos, só o Padre Manoel de Elvas, que como Prelado devia ter a maior parte na dor, e no desvelo, dizia com muita paz, e segurança, que a Cruz havia de aparecer por intercessão de Santo António. Era ele devotíssimo deste grande Santo, advogado das coisas perdidas, em que também podem entrar as furtadas, e depois de dizer três Missas, invocando com muita fé, e devoção o seu patrocínio (guiado sem dúvida da luz superior) mandou um Cónego, que fosse correr, e examinar as estalagens da Vila de Setúbal; o qual assim o fez, e depois de se desvelar quanto pode na diligência, voltando já de Setúbal, desconfiado de achar o que buscava, lhe saiu um Religioso de São Francisco ao encontro, ao parecer de trinta anos, que lhe disse: Tornai, Padre, à estalagem donde saístes, que no vão de um tanho achareis o que buscais. Voltou logo à estalagem, e achou a Cruz no lugar advertido. Saiu a dar graças ao Religioso, e não o achou, nem notícia alguma dele. Teve-se por sem dúvida, que era Santo António, e as circunstâncias assim os mostravam com evidência. ElRei Dom Manoel, e toda a Côrte, tratavam ao Padre Manoel de Elvas com suma estimação, e como a homem, em que resplandecia igualmente a sabedoria, e a santidade. O mesmo Rei com frequência o mandava assistir, e votar no Conselho de estado, e ouvia as suas razões com grande atenção, porque sabia que falava sem respeito, sem amor, sem ódio, sem conveniência, e sem inveja; afectos, de que rara vez se acham despidos os Conselheiros. O mesmo Rei o nomeou Bispo da Guarda; e sendo esta eleição geralmente aplaudida de todos, só do eleito o não foi, porque não aceitou aquela dignidade. Com quase noventa anos de idade, e cinquenta, e oito de Cónego secular, morreu santamente neste dia [8 de Junho] de 1538 em Santo Eloy de Lisboa, onde jaz sepultado com grande distinção.
6 de jun. de 2019
PRINCIPIA EM LISBOA UM CRUEL CONTÁGIO (7 de Junho)
No mesmo dia [7 de Junho], ano de 1569 se começou a sentir em Lisboa um terrível contágio, que logo se dilatou por todas as Províncias de Portugal, e durou quatro para cinco meses, mas em Lisboa foi muito maior o estrago: morriam cada dia quinhentas, seiscentas, setecentas pessoas, e no fim se achou, que por todas passaram de cinquenta mil. Cresceram as ervas pelas ruas a grande altura; não cabiam os mortos nas Igrejas, e foi preciso fazer-lhe covas pelos campos, e em cada uma sepultavam a cinquenta, e a mais. Talvez estavam os corpos amortalhados às portas das casas dois, e três dias, sem haver quem os levasse à sepultura. De um instante para outro caiam mortos os que estavam em pé, e amanheceriam sem vida, os que se deitaram sãos: andavam os homens atónitos, e com gestos de defuntos, tropeçando a cada passo com imagens da morte, e com ela mesma. Por falta da comunicação com as terras circunvizinhas, começaram a faltar mantimentos, sendo objeto lastimoso, ver os homens e mulheres, velhos, moços, meninos, desfazendo-se em lágrimas, e perecendo à fome; não cessou este horrível açoute, senão nos fins do mês de Outubro do mesmo ano.
5 de jun. de 2019
MORRE A Infante D. MARIA, filha delRei D. AFONSO III (6 de Junho)
4 de jun. de 2019
O Ven. Pe. MANOEL DA CONSOLAÇÃO (5 de Junho)
3 de jun. de 2019
Pe. BALTAZAR BARREIRA (4 de Junho)
O Padre Baltazar Barreira da Companhia de JESUS, natural do Lugar de Sacavém junto a Lisboa, foi insigne operário Evangélico do Reino de Angola, e cooperou muito para a conservação daquele Estado; porque com as advertências, e avisos, que fez ao se Governador Paulo Dias de Novais; com o ânimo, e esforço espirituais com que afervorou, e fortaleceu aos nossos poucos defensores; e muito mais com as suas orações, se lhe atribuiu universalmente a estupenda, e milagrosa vitória, que em outra parte referimos [2 de Fevereiro]. Depois de ilustrar quatorze anos aquela Gentilidade, passou a alumiar também a de Cabo Verde, Guiné, e Serra Leoa; e em todas estas partes converteu, batizou a muitos Reis, e Régulos, e a inumeráveis Gentios. Edificou muitas Igrejas, e Casas de Oração, e reduziu a muitos Católicos a melhor vida. Com setenta e quatro anos de idade, e cinquenta, e seis da Companhia morreu santamente em Cabo Verde neste dia [4 de Junho], ano de 1612 onde foi sepultado com as maiores honras, e geral sentimento, e perda de todo aquele Estado.